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Foliões mirins

Os novos talentos do samba no Litoral do Paraná

Eles têm ginga, cadência e samba de gente grande e são a prova de que talento e amor ao samba não têm idade

Gabriel Correa, de 10 anos, dividiu o palco com o sambista carioca Jorge Aragão em show realizado em Paranaguá | Henry Milléo/ Gazeta do Povo
Gabriel Correa, de 10 anos, dividiu o palco com o sambista carioca Jorge Aragão em show realizado em Paranaguá (Foto: Henry Milléo/ Gazeta do Povo)

Chegar perto e garantir uma foto ao lado do mestre do samba Jorge Aragão já seria um ótimo negócio para os parnanguaras Francisco Espíndola, de 11 anos, e Gabriel Cor­­rea, de 10, que descobriram ce­­do o talento e a paixão pela sonoridade contagiante do cavaquinho. Mas, além de um carinhoso registro fotográfico, eles ganharam o privilégio de dividir o palco com o sambista carioca, no show realizado em Paranaguá, no último sábado antes do carnaval. E não decepcionaram o público, dando show no instrumento e arrancando aplausos dos presentes.

Os dois "pratas da casa", como definiu o sambista carioca ao convidá-los ao palco, fazem parte da nova geração de pequenos amantes do choro, do samba e do carnaval, que vão para a avenida e provam que talento não tem idade.

Alexia Mariana Aparecida tem apenas 10 anos e vai desfilar pelo terceiro ano consecutivo como rainha de bateria da Escola de Samba Leões da Estradinha. "Vou sair de guerreira espacial", conta empolgada, tirando de letra a responsabilidade de conduzir a bateria no desfile do grupo especial. Ela começou a desfilar no carnaval de Paranaguá aos 4 anos de idade e já está acostumada à rotina puxada de ensaios nos dias que antecedem a entrada na avenida. No ano passado a escola foi campeã do grupo de acesso e, neste ano, a responsabilidade aumentou. Nada, porém, que tire o sono da jovem Mariana.

Antonina

Antonina também tem seus jovens talentos do samba. Eles têm entre oito e 12 anos e são integrantes do Bloco Boi do Norte, que desfilou sexta-feira. Apesar dos braços miúdos e da aparente falta de força, os cinco membros mais jovens da bateria do bloco não de­­cepcionam na hora de tocar o instrumento. Com a proximidade do desfile, eles não queriam perder nenhum mi­­nuto do último ensaio, realizado na sexta-feira, na avenida do samba. Weslei Machado, 12, Victor Hu­­go Gonçalves, 9, Matheus Fer­­nan­des, 9, e o caçula do grupo, Kauã Gon­­çalves, 8, comandam as batidas do surdo. Douglas Cesar Cas­­silha, de 9 anos, assumiu a responsabilidade de conduzir a caixa.

A pouca idade também não impediu Francisco, de Paranaguá, de se transformar no Chicão do Cavaco. O primeiro contato com o instrumento foi aos 6 anos, na escola onde estudava, por intermédio do cavaquista Nei de Souza, ex-integrante do grupo "Os Originais do Samba", que já teve diferentes formações. "Ele mal tinha força nos dedinhos miúdos para controlar as cordas, mas, percebendo o seu interesse, compramos um cavaquinho para incentivá-lo", conta a mãe, Sônia de Campos.

As aulas continuaram na Casa da Música de Paranaguá, onde Chi­­cão participou do grupo de cho­­ro "Chorando baixinho". Lá, além do conhecimento e da técnica para dominar o instrumento, ele ga­­nhou também um parceiro: Felipe Vieira Marques, de 14 anos, o Fe­­li­­pe do Pandeiro, que, junto com Chi­­cão e seu pai, Fábio Espindola, fa­­zem apresentações em Para­naguá e região.

Professor de cavaquinho dos me­­ninos Gabriel e Chicão, Nei de Souza aproveita sua experiência para ensinar as técnicas e manhas do cavaco na Casa da Música de Paranaguá. "Acho que o cavaco chama a atenção porque é um instrumento para solo. Basta apenas uma pessoa e um cavaquinho para fazer um som bacana", diz ele, que tem alunos de todas as idades. "A maioria é criança e jovem, mas tenho uma aluna de 75 anos que é fera", conta Souza.

O professor explica que é possível perceber rapidamente quem tem talento para o samba. "São pessoas que têm intimidade com o instrumento, apreendem rápido e, muitas vezes, até sozinhas", explica. "Talento sem trabalho, no entanto, não leva a lugar algum", ressalta.

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