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Na publicidade da peça, está lá a informação: o texto será montado no auditório Salvador de Ferrante, mais conhecido como Guairinha. O espetáculo de dança acontece no Teatro Regina Vogue. Mas o sonho de muita gente é chegar ao Bento Munhoz da Rocha Neto, o nacionalmente conhecido Guairão. Quem trabalha com teatro, dança ou qualquer outra atividade que necessite de um palco, está acostumado a ouvir esses nomes. Mas, muitas vezes, nem mesmo os artistas sabem por que a sala foi assim batizada. O público, da maneira geral, desconhece quem foram – ou quem são, no caso dos que estão vivos e em atividade – os ilustres homenageados pelos espaços cênicos de Curitiba.

Há 16 salas na cidade que homenageiam alguma figura importante das artes ou da política. Na verdade, político há apenas um homenageado. É o ex-governador Bento Munhoz da Rocha Neto, principal responsável pela criação do complexo do Teatro Guaíra, o mais importante da cidade. Nada mais justo: foi escolhido como o nome do maior auditório da cidade.

Outras três salas do complexo homenageiam personalidades do teatro paranaense de diversas épocas. A mais antiga delas é Salvador Ferrante, nome oficial do Guairinha. Seu legado mais importante talvez tenha sido a fundação de uma sociedade teatral, a Renascença. Em pouco mais de dez anos de atividade, ele participou de 98 peças. Morreu picado por uma aranha quando preparava mais uma. Glauco Flores de Sá Brito, que atualmente dá nome ao mini-auditório do Guaíra, foi um escritor importante nos anos 40 e 50. Além dos textos que deixou para o teatro, também tem poemas considerados importantes para a história da literatura do estado.

O mais recente auditório do Guaíra, o José Maria Santos, foi batizado em homenagem a um ator que gostava de polemizar. A amigos, Santos chegou a dizer que para fazer teatro não precisava de mais ninguém: faria ele mesmo o texto, produziria e faria a peça na rua se fosse o caso. Coincidentemente, sua atuação mais famosa foi em um monólogo, intitulado Lá. O lugar nomeado na peça era um vaso sanitário, em que ele ficava sentado durante a montagem.

Tipos

Os nomes de teatros poderiam ser divididos em gêneros. Por um lado, há os que lembram personalidades do passado, como os do Guaíra. De outro tipo são os que lembram de algum ator em atividade, como é o caso dos teatros Fernanda Montenegro e Paulo Autran, dentro do Shopping Novo Batel. Uma outra sala que se encaixa nessa categoria é a Lala Schneider, de propriedade do ator e diretor João Luiz Fiani.

O ator e diretor, que se orgulha de ter sido o primeiro artista da cidade a inaugurar um teatro particular, em 1994, diz que não sabia qual nome dar ao espaço. "Decidi homenagear alguém que estivesse vivo, porque às vezes a gente tem essa mania de só se lembrar de homenagear quem já se foi", diz ele. Fiani diz que não contou nada a Lala Schneider. Foi a uma peça dela, no Guaíra, e esperou o fim da montagem. Só aí subiu ao palco. "Ela pensou que eu quisesse fazer divulgação de alguma peça minha. Mas fui lá para anunciar que ela ganhava um teatro com o nome dela", conta Fiani.

Regina Vogue, atriz e diretora que desde 2004 dirige um teatro com seu nome no Shopping Estação, diz que ficou emocionada quando soube da homenagem. Ela conta que quem decidiu como chamar o espaço foi Miguel Krigsner, dono do centro comercial. "Ele tinha me dito que eu ia cuidar do lugar. Quando fui conhecer, perguntei a ele como se chamaria. Nunca imaginei que a resposta seria essa", conta ela.

O teatro de Regina Vogue acabou se encaixando numa terceira categoria, que existe na cidade desde 1998: a dos teatros que levam o nome de seu principal responsável. A primeira a adotar essa saída foi a diretora Marina Machado. O mais recente exemplo foi o do diretor e ator Edson Bueno. Ele tem um teatro com seu nome desde o início deste ano e acha que isso faz o público identificar mais fácil o lugar onde serão exibidas as peças de seu grupo, o Delírio.

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