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The Doors: pela primeira vez, história da banda é contada pelos próprios integrantes e ilustrada com uma coleção de fotos inéditas | Divulgação
The Doors: pela primeira vez, história da banda é contada pelos próprios integrantes e ilustrada com uma coleção de fotos inéditas| Foto: Divulgação

Verdadeiro ou falso

Saiba mais sobre alguns boatos e mistérios que cercam a biografia de Jim Morrison e sua banda:

Jim Morrison não tinha família

Em algumas entrevistas concedidas na época, o vocalista se declarava órfão e dizia que sua família estaria morta. Na verdade, Morrison era filho do almirante George Steve Morrison e sua mulher, Clara Clark Morrison, e tinha dois irmãos: Andy (seis anos mais novo) e Anne (três anos mais jovem). "Tenho a sensação de que, desde o início, ele achava melhor não estarmos associados a sua carreira, permanecendo em segundo plano", explica seu pai, na biografia de Ben Fong-Torres.

O vocalista xinga a mãe e o pai em "The End"

Em 21 de agosto de 1966, durante um show no Whisky a Go Go, em Los Angeles, Morrison, que estava sob o efeito de LSD, incluiu versos polêmicos na canção "The End", que renderam a demissão da banda da casa noturna. Após contar a história de um assassino andando por um corredor, Morrison dispara: "Father...I want to kill you" ["Pai...quero te matar"] e "Mother...I want to fuck you!" ["Mãe...eu quero te f*!"]. Todos acharam que ele estava falando mal dos pais, mas Jim se referia ao mito grego de Édipo. "Trata-se de um homem que, sem saber, mata seu pai e se casa com sua mãe. Sim, posso dizer que há uma certa similaridade, decididamente. Mas, para dizer a verdade, a canção tem um novo significado para mim cada vez que a escuto", justifica o vocalista.

Morrison morreu de ataque cardíaco

A causa da morte de Jim Morrison é um dos grandes mistérios do rock-and-roll. Sabia-se que o vocalista sofria de um mal respiratório e que vinha tossindo sangue por quase dois meses em Paris. Na manhã de sábado, 3 de julho de 1971, ele acordou vomitando sangue e decidiu tomar um banho. Pamela o encontrou mais tarde, morto na banheira. Não houve autópsia e havia desconfianças de que ele havia sofrido uma overdose de heroína. Mas isso nunca foi comprovado e o obituário do cantor cita ataque cardíaco como a causa de sua morte. "Sempre acreditei que Jim morreu devido a um ataque cardíaco", diz Bill Sidons, empresário da banda.

"Então ele salta da toalha, enfia as mãos na areia e, com areia escorrendo pelos dedos, começa a cantar ‘Moonlight Drive.". Foi assim, após um encontro entre Jim Morrison e Ray Manzarek, em uma tarde de verão do ano de 1965, nas areias da praia de Venice, na Califórnia, que teve início uma das bandas mais significativas da história do rock mundial – The Doors.

Na época, Morrison havia terminado o curso de Cinema da Universidade da Califórnia (UCLA) e morava no sótão da casa de um amigo, na praia, onde passava os dias "tomando ácido e escrevendo músicas", segundo definição do próprio. O tecladista Manzarek, que havia estudado com Jim na UCLA, reparou que o colega estava bem mais magro, o oposto daquele Jim "flácido e nem um pouco atlético" que ele conhecia. Ao perguntar como ele havia conseguido emagrecer tanto, o vocalista disparou: "Como te falei, tomando ácido. E não comendo".

São detalhes sinceros e cotidianos, como o segredo da "dieta" de Morrison, que fazem do livro The Doors por The Doors uma biografia essencial aos fãs da banda californiana, criada em 1965 e desfeita em 1971, após a morte precoce e misteriosa (leia mais no quadro) de seu líder e vocalista. Escrita pelo jornalista norte-americano Ben Fong-Torres – interpretado por Terry Cheng como o temido editor da revista Rolling Stone, no filme Quase Famosos (2000), de Cameron Crowe –, a biografia é descrita como "a primeira apresentação da história da banda – e não apenas de Jim Morrison – feita por seus próprios membros".

De fato, o livro é, em sua grande parte, composto por entrevistas (e centenas de fotos inéditas), dos membros remanescentes – Manzarek, o guitarrista Robby Krieger e o baterista John Densmore – à família de Morrison, incluindo a mãe de Pamela Courson (namorada do vocalista, com quem ele morava na ocasião de sua morte, em 3 de julho de 1971, em Paris). Jim também marca presença, representado por trechos de entrevistas antigas e pelo registro de um dos mais inusitados momentos da carreira de Fong-Torres.

Editor da Rolling Stone no início dos anos 1970, o jornalista andava pelas ruas de West Hollywood, em fevereiro de 1971, quando se deparou com ninguém menos que Morrison. De gravador em punho, Fong-Torres registrou a conversa, em que o vocalista profetizou: "Estamos meio que numa encruzilhada em nossa carreira. Nos próximos cinco ou seis meses, saberemos como será o futuro". Quatro meses depois, Morrison seria encontrado morto na banheira de seu apartamento em Paris e a entrevista a Fong-Torres se tornaria a última concedida por Jim a um jornalista americano.

"Anti-Oliver Stone"

Detalhes até então desconhecidos são também os pontos altos do documentário When You’re Strange: a Film about The Doors (2009), que acaba de chegar em DVD no mercado internacional e, por enquanto, ainda é inédito por aqui. Dirigido por Tom DiCillo (diretor de fotografia de Sobre Café e Cigarros, de Jim Jarmusch), o filme é descrito por Manzarek como totalmente "anti-Oliver Stone" – crítica ao longa-metragem de 1991, que trazia Val Kilmer no papel de Jim Morrison, e que provocou a ira dos fãs por retratar apenas apenas o lado "maligno" do vocalista.

Inteiramente composto por imagens de arquivo da banda, muitas delas nunca vistas, o documentário é o primeiro a contar com fragmentos de HWY: An American Pastoral, curta-metragem em 35 mm, dirigido por Jim Morrison em 1969. De tão inéditas, algumas cenas até confundem o espectador , que fica sem saber se é mesmo o vocalista ou um ator o interpretando.

Com uma narração um tanto monótona de Johnny Depp, When You’re Strange, ao contrário da maioria dos documentários, não conta com nenhuma entrevista sequer, apenas imagens sobrepostas ao texto, que mais parece um resumo do livro de Ben Fong-Torres. Poderia inclusive, vir encartado junto com a biografia, já que ambas, na ânsia de "limpar a barra" de Morrison, acabam soando um tanto quanto superficiais em relação ao rápido processo de decadência pelo qual ele passou antes de morrer. Aqui, Morrison é tratado como um ícone, quase imaculado.

Serviço: The Doors por The Doors, de Ben Fong-Torres. Agir. 432 págs. Preço médio: R$ 59,90. Biografia.

When You’re Strange: a Film about The Doors (EUA, 2009). Direção de Tom DiCillo. Narração de Johnny Depp. Eagle Rock Entertainment. Importado. Preço médio: US$ 20.

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