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O principal motivo para a escolha do tema da luz, que norteia a Bienal, é dar lugar à “beleza explícita”. O curador Teixeira Coelho lamenta que ela esteja em baixa no mundo todo, conforme falou à Gazeta do Povo.

Bienal Internacional expõe obras de arte com luz e “beleza explícita”

Mostra que começa dia 3 de outubro traz artistas pioneiros no uso de lâmpadas em instalações

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Por que a luz?

Tem um motivo bem ingênuo e romântico: a luz é do que a gente está precisando mais, em termos sociais e políticos. Foi um tema disparado pelas últimas palavras de Goethe ao morrer, quando ele pediu “mais luz”. Outra razão é poder trabalhar com a beleza, que está em baixa no mundo inteiro. Mesmo que as bienais lidem com ela, têm vergonha de dizer isso. Não é uma ideia com bom trânsito entre curadores, historiadores e artistas de vanguarda, é um preconceito forte. Queremos lançar luz sobre cantos escuros. Não quero saber de miséria, sei que tem inundações e crise, mas tem que ter espaço para a beleza. E tem artistas contemporâneos lidando com ela das formas mais radicais, como é o caso do Doug Wheeler, que trabalha o sublime. Em sua obra, a luz é embutida na parede e abole a princípio o volume e pontos de referência. Você fica diante de uma luz essencial.

Além disso, a luz não requer interpretação cerebral, é eminentemente sensorial. A maior parte das obras tem uma proposta direta, imediata, que pega a pessoa pelo sentido. Não tem nada por trás, não tem que ficar fazendo teoria. É a arte na forma mais inicial possível.

No Brasil seria a primeira bienal com esse tema?

Não é impossível que seja inédito, mas era o que me interessava fazer. Trabalhar com a beleza: a arte da luz é a que mais permite isso. Tem artistas que não se definem como trabalhando com luz, como Regina Silveira – o trabalho que ela faz é metafórico.

As salas do MON serão escurecidas para receber obras?

Não será um negrume total. No lugar do cubo branco das galerias de arte contemporânea, será um cubo negro. São obras que têm luz própria, como se fossem astros, ao contrário de outras que precisam ser iluminadas.

Como está a participação brasileira?

Descobrimos o italiano Davide Boriani morando em Curitiba, casado com brasileira. Ele foi um dos pioneiros da arte cinética. Odires Mlászho, nascido em Mandirituba, escava a palavra Lúcifer (“que traz a luz”). Regina Silveira, escrevendo a palavra luz em projeções, torna esse conceito visível para as pessoas.

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