
Foi assistindo a programação da tevê e mesmo prestando atenção a conversas cotidianas que Márcia Tiburi começou a se interrogar: mas, afinal, o que é a felicidade?
A filósofa e escritora gaúcha radicada em São Paulo começou a recordar como os filósofos, desde a Grécia Antiga, pensaram o tema.
Ela aponta que, para Aristóteles, a felicidade era sinônimo de um estado de alma. E como os gaúchos, os cariocas e os curitibanos e os demais brasileiros do tempo presente entendem o assunto?
Essas inquietações se desdobraram no projeto Variações sobre o Mesmo Tema: Felicidade, que acontece de hoje até a próxima quinta-feira no Teatro da Caixa. Diariamente, a partir das 19h30, Márcia, ex-participante do programa Saia Justa, do GNT, conversará com um convidado a respeito do assunto.
Hoje, o filósofo e psicanalista Daniel Lins fala sobre ética. Amanhã, o poeta Fabrício Carpinejar apontará os pontos de contato entre felicidade e poesia. E, na quinta, o ensaísta Francisco Bosco comentará um dos obstáculos de quem quer ser feliz: o ciúme.
Desconstruir chavões
Márcia, mulher que costuma cultivar dúvidas, tem uma convicção: atualmente as pessoas, estão deixando de pensar, e aceitando ideias prontas. O evento acontece, justamente, para estimular a reflexão.
Ela admite ficar perplexa com o fato de que a felicidade é uma palavra que foi colonizada pela publicidade. Todo e qualquer anúncio comprova o que Márcia diz. De automóvel a viagens, de roupas a perfumes. Os produtos são sempre vendidos associados à ideia de felicidade.
"Relacionar consumo à felicidade é, mais do que um mecanismo perverso de quem pretende vender algo, a garantia de atingir a infelicidade (para quem compra)", afirma Marcia. Afinal, argumenta a curadora do evento, consumir continuamente só provoca gastos, financeiros e emocionais.
"Vamos desconstruir, por meio da conversa e do confronto de ideias, esse equívoco que faz com que todos pensem que felicidade é comprar algum objeto", diz.
Nuances
Mas não é apenas a ilusão do consumo que oprime o ser humano, afastando toda e qualquer pessoa do que pode vir a ser a felicidade. Exibir um parceiro aparentemente "perfeito" também é outra maneira de buscar, e não atingir, esse ideal. Francisco Bosco deve falar sobre esse aspecto do tema, na quinta-feira.
Outras nuances também serão abordadas. De 14 a 16 de setembro, acontecerá a segunda fase do projeto, com as participações de Rodrigo Faour, Diana Corso e Mirian Goldenberg. "A Mirian, por exemplo, vai mostrar como o corpo se tornou um capital simbólico, sinômino de felicidade para muita gente", comenta Marcia.
Tanto nesta semana quanto no mês que vem, cada encontro vai funcionar da seguinte maneira: em um primeiro momento, Márcia dialogará com o convidado, discutindo o assunto e recuperando o que outros filósofos já disseram a respeito. Em seguida, ela abre o debate para o público.
"Afinal, o que é filosofia senão um permanente diálogo, uma troca de ideias entre as pessoas?", pergunta Marcia, convidando os curitibanos a participar dos encontros.
Serviço
Variações Sobre o Mesmo Tema: Felicidade. Teatro da Caixa (R. Conselheiro Laurindo, 280), (41) 2118-5111. Dia 24, A Felicidade e a Ética, com Daniel Lins. Dia 25, A Felicidade e a Poesia, com Fabrício Carpinejar. Dia 26, A Felicidade e o Ciúme, com Francisco Bosco. Mediação de Marcia Tiburi. Às 19h30. Entrada franca. Os ingressos devem ser retirados na bilheteria do Teatro, no dia do evento, a partir das 18h30.





