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MPB

Para lembrar que Gal Costa ainda existe

Cantora relança melhores álbuns e prepara disco inédito com Caetano Veloso

Caixa reúne 17 dos melhores 
discos de Gal Costa | Divulgação
Caixa reúne 17 dos melhores discos de Gal Costa (Foto: Divulgação)

São Paulo - Os fãs saudosos, que se ressentem da ausência de Gal Costa nos palcos e nos discos, podem festejar. A grande cantora está de volta. Alguns dos melhores álbuns de sua carreira e um CD duplo de faixas raras (reunidos na caixa Gal Total), além de um disco de inéditas de Caetano Veloso, com produção dele e Mo­reno Veloso, recolocam a musa tropicalista no cenário brasileiro. Nos últimos anos, o fã-clube de Gal se dividiu entre a adoração dos eternamente devotos e os céticos, que oscilam entre a aceitação e o desdém, e ela tem feito mais shows fora do país do que aqui. Seu álbum mais recente, Hoje, é de 2005, e como os anteriores na década não teve grande repercussão de público e crítica. Mas sua voz continua firme e penetrante, e ela, que completou 65 anos no dia 26 de setembro, está mais magra, animada e rejuvenescida, fala como se não sentisse tanto a passagem do tempo em certos aspectos.

"Canto as músicas no mesmo tom em que gravei. Quando estava fazendo Hoje com César Camargo Mariano ele me dizia que minha voz parecia de uma menina", lembra a sorridente Maria da Graça.

Muitas estrelas da geração de Gal têm encontrado dificuldade em lidar com as mudanças de mercado, os esquemas de produção sem grandes luxos, decorrentes da crise das gravadoras e a decadência da venda de CDs. "Pra mim, não é difícil alugar um estúdio e bancar um disco, existem várias formas. Durante al­­guns períodos da minha carreira houve uns hiatos. Quando fiz o Plural (1990), vinha de um tempo sem fazer nada, porque acho que isso é importante também. Você não tem de estar toda hora na mídia. É que hoje, com essa coisa de internet, globalização, isso tudo, se você fica um mês sem aparecer neguinho acha que você acabou", diz. "Eu estava trabalhando fora do Brasil, recebi muitos convites e fiz tudo o que quis. Fiz aqui também alguns eventos fechados."

No Brasil ou no exterior, Gal acha que a situação realmente é difícil para quem não faz música ultracomercial. "Hoje quase não tem mais loja de discos, nem aqui nem em Nova York. As pessoas estão meio perdidas. Além de as gravadoras não te­­rem dinheiro, não sabem para onde vai o mercado fonográfico, e quando investem é em coisas descartáveis. Há milhares de cantoras, norte-americanas inclusive, feitas para fazer sucesso. Mas a gente viveu a era do sonho, e isso meio que acabou. Você ter uma bagagem de vida, de experiência, você ver uma pessoa vir no palco fazer uma coisa e ela trazer uma história ali – isso é que falta."

Vergonha

Quanto às rádios, que "tocavam tudo" – incluindo vários lados B de seus LPs e compactos incluídos na caixa, como "Presente Co­­tidiano" (Luiz Melodia) e "De Amor Eu Morrerei" (Dominguinhos/Anastácia) –, ela acha hoje "uma vergonha". "Antes tocavam até cinco músicas de um LP. Fantasia (1981) teve quatro sucessos de rádio. Hoje você tem de pagar R$ 300 mil pra uma música ser executada cinco ve­­zes por dia em cada rádio. É o que me dizem. Que é isso, gente? Isso é cultura."

No Rio de Janeiro, há tempos ouvem-se rumores de que Gal havia recusado um convite de Chico Buarque para acompanhá-lo na turnê do CD Carioca e outro de João Gilberto para gravar um disco com ele. "Quem te falou essas coisas? Não sei de nada disso. Imagina se eu iria recusar convites de Chico e João, que eu amo", desconversa a cantora. Ela diz ainda que deseja um dia lançar em DVD o show Fa-tal, que foi gravado por Leon Hirszman. No mais, olhando no retrovisor, diz que se reconhece em todas as fases reunidas em Gal Total, sem arrependimento.

Serviço:

Gal Total. Caixa com 17 CDs. Universal. Preço médio: R$ 310.

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