
Em rara manifestação pública de opinião, o fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado se posicionou contra a abertura de processo do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), ao qual chamou de “um golpe muito imoral”.
Expoente da fotografia no Brasil — e também um dos fotógrafos mais reconhecidos no exterior —, Salgado, que mora na França desde 1969, falou sobre a crise política ao jornal “Libération”, de Paris.
“Essa classe, que perdeu o poder, está tentando a todo custo voltar. Há uma imprensa de direita — toda a imprensa, sem exceção —, aliada a um grande movimento contrário ao governo do PT”, avaliou.
Famoso por trabalhos como “Genesis”, lançado em 2013 em parceria com sua esposa, e “O Sal da Terra” — documentário dirigido pelo alemão Win Wenders e por seu filho, Juliano Salgado, e que concorreu ao Oscar em 2015 — Salgado, que é publicamente defensor das causas sociais, complementou ao jornal francês:“ não sou um membro do PT, mas não concordo que passem por cima da democracia no Brasil, como está acontecendo.”
Impeachment
Consequência da queda de popularidade da presidente em razão da crise econômica e das investigações da Lava Jato, a abertura do processo de impeachment foi autorizada pela Câmara dos Deputados neste domingo (17). A votação durou seis horas e terminou com 367 votos a favor -eram necessários 342- e 137 contra.
Para que ela seja afastada do cargo, a decisão dos deputados ainda tem de ser referendada pelo Senado por maioria simples. A nova votação deve ocorrer no início de maio.



