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Música

Parcerias marcam o novo CD de Tom Zé

Aos 78 anos, baiano se junta a nomes da nova MPB | André Conti/Divulgação
Aos 78 anos, baiano se junta a nomes da nova MPB (Foto: André Conti/Divulgação)
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A exemplo de seu último lançamento, o EP Tribunal do Feicebuqui, Tom Zé cercou-se de convidados em seu novo álbum, Vira Lata na Via Láctea, lançado na semana passada.

Por sugestão de seu biógrafo, o jornalista Marcus Preto, que acabou se tornando o produtor artístico do disco, o cantor e compositor baiano divide vozes, arranjos e composições com nomes jovens da música brasileira, como a Trupe Chá de Boldo, O Terno, Silva e Filarmônica de Pasárgada.

Aos 78 anos, Tom Zé explica que as parcerias se apresentaram naturalmente e avançaram com facilidade. "A coisa bem-feita, por quem quer que seja, me vence", diz o cantor, em entrevista por telefone para a Gazeta do Povo. "Sou derrotado pela estética", diz.

Foi assim com "Irará Irá Lá", cujo arranjo da Trupe Chá de Boldo o impressionou tanto que provocou mudanças na melodia. O mesmo aconteceu com "Retrato Na Praça da Sé", ornamentada com violões gravados pelo paulista Kiko Dinucci. "Nós palpitamos de paixão por aqueles arranjos", diz Tom Zé.

Dinucci também assina, ao lado de Rodrigo Campos, o arranjo de "Pour Elis", que traz participação especial de Milton Nascimento.

A música foi criada por Tom Zé sobre um texto do produtor Fernando Faro, escrito por ocasião do primeiro aniversário da morte de Elis Regina (1945-1982). "Faro fez uma apresentação em um videoteipe, e quando vi aquele texto lindo, meu coração quis fazer uma melodia", conta o músico.

Milton não é o único medalhão presente no disco por intermédio de Marcus Preto. "A Pequena Suburbana", música que fecha o disco, é uma parceria de Tom Zé com Caetano Veloso, que musicou os versos do colega tropicalista.

"Caetano, como Gil e Milton, é gênio", diz Tom Zé. "A capacidade que eles têm de ver, como num raio elétrico, a cidade e o país num lance de olhos, é de um tipo de gênio do qual morro de inveja", diz o músico, recusando comparações. "Eu sou mais trabalhador. Como trabalhador, sou aceitadíssimo por um público intelectualizado, por jovens e pela crítica. Mas o que eles fazem, ave Maria!"

Vira Lata na Via Láctea se diferencia conceitualmente de Tribunal... e do último álbum de Tom Zé, o excelente Tropicália Lixo Lógico (2012), ao não ter um tema claro – formato que marca os trabalhos do cantor baiano desde o cultuado Estudando o Samba (1976).

Mas tem um tom de leitura política latente, da sátira da mídia em "Banca de Jornal" (com Criolo) às críticas à ditadura do dinheiro "Mamon" (com arranjo de Silva). "Mas como diz a letra de ‘Esquerda, Grana e Direita’, eu não faço música de protesto", ressalta Tom Zé. "Mas não vivo no planeta Marte", diz.

O "inferno da política" é colocado sobre os ombros da "Geração Y", retratada em suas urgências tecnológicas e na sorte inescapável de, "daqui a alguns anos", "infelizmente governar".

Mas a mensagem é o contrário do pessimismo. "Tenho muita afinidade e simpatia nesta geração, porque ela começou a falar na ética", diz o cantor. "Vamos ver o que vai acontecer quando caírem nessa realidade de ter de governar, que é terrível. Porque eles lutam pela ética, uma ética rigorosa."

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