Diferentemente do jazz, por exemplo, envelhecer com elegância no inóspito mundo do rock é uma tarefa ingrata, sendo enormes os riscos de o artista parecer uma caricatura de si mesmo. Mas Paul Weller, esse admirável dândi, tem o tempo ao seu lado e, como indica seu impecável visual, bons genes e um apurado senso estético também. Aos 57 anos, poderia contentar-se com uma gélida estátua de cera no museu Madame Tussauds, em Londres, graças ao passado de glórias com The Jam e The Style Council. Em vez disso, como demonstra no caloroso “Saturns Pattern”, mantém-se ativo, exercitando-se, e desafiando-se, entre nove faixas, que cruzam suas influências (soul, psicodelia), sem repetir padrões anteriores. Dono de uma grife de moda masculina, Weller desfila, cabeça erguida, ora ácido (“White Sky”, “Long Time”), ora doce e sutil (“Pick it Up”, “Going My Way”), até a mensagem final da interstelar “These City Streets”, com a emblemática frase “Still Got a Way to Go”(“ainda tenho um caminho a seguir”).
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