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O grupo erro, de Florianópolis, existe há 12 anos e está acostumado a entrar em confronto com policiais, pela característica ousada de suas peças. Esta é a primeira vez, porém, que eles planejam passar 30 segundos nus no final de um espetáculo. "Hasard" já foi apresentado em São Paulo e Porto Alegre, além da temporada em Florianópolis.

Em Curitiba, nas apresentações de segunda e terça-feira na Praça Zacarias, foi onde o grupo viu a Polícia Militar portando mais armas -- a PM interrompeu a apresentação.

A apresentação de hoje está marcada para as 18 horas e eles pretendem tirar a roupa no final, caso o público "peça" por isso.

Polícia

De acordo com a assessoria de imprensa da Polícia Militar, a princípio não haverá policiais durante a apresentação da peça hoje. A intervenção de terça-feira foi motivada por denúncias feitas à PM no dia anterior de que atores teriam ficado completamente nus.

A Polícia Militar confirma ter ido ao local e conversado com atores, que foram orientados a manter pelo menos as peças íntimas, e com isso poderiam continuar com a peça. Ainda de acordo com a assessoria, se o grupo fizer da mesma forma hoje, não haverá problema nenhum -- a menos que haja nova denúncia.

Leia a entrevista completa da Gazeta do Povo com o diretor do espetáculo, Pedro Bennaton.

Gazeta do Povo - Essa é a primeira peça em que vocês tiram a roupa na rua?

Pedro Bennaton - Sim. Na segunda-feira os policiais tinham nos ameaçado por três vezes, e estavam nervosos porque não conseguiram dar o flagrante: quando os policiais se aproximaram, os atores já tinham saído pela lateral. É uma cena de 30 segundos que finaliza a peça. Então os policiais ficaram circulando, perguntaram onde estavam os atores... Já ontem a gente percebeu uma orientação diferente, olhares diferente antes da peça, policiais com arma em punho. Havia cinco policiais, três viaturas, todas ligaram as sirenes... e na Praça Zacarias havia mais duas no aguardo. A gente estava muito fraco ontem, depois das ameaças de segunda, ficamos preocupados.Os atores estavam vestidos de calcinha e sutiã e não se sentiram com segurança para tirar. Não é uma marca da peça, ter que ficar nu. Tem 25% de chance de acontecer.

Por quê?A peça é um jogo. Os oito atores começam a apostar. O espetáculo lida com 54 cartas, que têm importância para decidir algum texto de todas as cenas. O público também manipula essas cartas. O tema geral é quem é manipulado no jogo atual da sociedade? O capital, o controle, será que estamos jogando também, mudamos as regras? Claro que não. E há quatro finais possíveis, somente em um deles os atores ficam nus.

Quando ocorre a nudez?Quando os atores sentem que o público está apostando junto. A gente sabe que o público quer esse final. Mas ontem não havia ambiente para isso. O público estava tenso, ficou estranho, e quando os atores saíram o público foi em cima dos policiais. Pessoal da classe... Obviamente hoje eles vão estar mais preparados para perceber a aproximação de policiais. E vamos tentar fazer o que planejamos. Mas não posso garantir qual será o final.

Onde ocorre a peça?São quatro situações simultâneas. Uma começa perto do HSBC da Rua XV, outra na esquina da Dr. Muricy com a Rua XV, outra na Praça Zacarias e a última na Travessa Oliveira Belo. Todas se encontram no final perto do HSBC da Rua XV.Quanto tempo dura?Oscila entre 1h20 e 1h45.Foi a primeira vez em que o grupo Erro tem um confronto com policiais?Não foi a primeira e não será a última. Mas foi uma das vezes em que a gente viu mais armas. Não teve diálogo, só ameaças de prisão, tanto na segunda como na terça-feira. Em 2006, deram uma batida à paisana muito perigosa, tivemos embate com policiais à paisana armados. Naquela ocasião fizemos até um boletim de ocorrência na Polícia Civil.

Não foi novidade, então...Nenhuma. O grupo não é "tranquilo", a gente sabe o teatro que faz, que lida com o limite entre realidade e ficção, explora o fluxo urbano, normalmente estica as limitações impostas pelo poder público a artistas de rua. Por exemplo, o nu.

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