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Jack curte a nova casa | Marcelo Andrade/ Gazeta do Povo
Jack curte a nova casa| Foto: Marcelo Andrade/ Gazeta do Povo

Cícero voltava da jaula das onças empurrando um carrinho de mão carregado com três frutas maduras. "Querem manga?", gritou para os colegas de trabalho, em uma tarde quente no zoológico de Curitiba, quando recebeu a reportagem da Gazeta do Povo. José Cícero Gonçalves talvez seja o único habitante da cidade que já carregou dois jacarés no colo. O primeiro foi em 2009. O jacaré de papo-amarelo que foi retirado do Parque Barigui pesava 350 quilos e media mais de dois metros. O segundo foi na última terça-feira. Jack – o apelido foi dado nas redes sociais –, o novo jacaré que se tornou pop no Parque Barigui, foi capturado por Cícero e levado, para a indignação de alguns, ao zoológico de Curitiba.

"Era uma questão de honra", diz Cícero, um homem grande e corpulento de 49 anos. A missão começou pela manhã. O animal, que mede 1,70 metro e pesa 120 quilos, foi visto zanzando na grama, fora do lago. O calor o fez procurar uma sombra. Então uma equipe com cerca de 10 pessoas foi mobilizada e seguiu até parque. Mas foi Cícero quem pôs a mão na massa. Era meio-dia, e Jack já tiha voltado de seu passeio. "Tiramos ele da água pela cabeça e pelas patas, com um equipamento que fizemos. Cobrimos os olhos dele e aí amarramos a boca." Cícero levou o jacaré no colo, como um labrador sonolento, até o porta-malas de um carro da prefeitura. A cena foi bizarra. Cícero descreveu como "áspera" a sensação de carregar Jack nos braços.

Cícero nasceu em Rondon (noroeste do Paraná) e trabalha há 10 anos no zoo. O episódio o fez mais popular. Podem chamá-lo de Crocodilo Dundee de Curitiba, ele nem liga. "Rapaz, tenho tanto apelido que mais um ou menos um já não faz diferença."

A Missão Jacaré terminou bem, e Cícero explica como se sentiu depois: "A sensação é ótima, é de dever cumprido. Tinha um pessoal aí brincando que a gente nunca conseguiria pegar, porque tava difícil mesmo. Aí virou questão de honra", reforça o tratador, que trabalha das 8 às 17 horas no zoológico, mas faz questão de chegar mais cedo todo dia. "Evito que me chamem a atenção."

Antes da lida com jacarés, onças e pavões, Cícero trabalhava na roça. Guarda as marcas desse tempo na mão. Diz que gosta muito do que faz. E também dos bichos. "É deles que tiro meu sustento." Cícero tem cinco filhos. Adora um forró e, mais do que isso, trabalhar. Tem o sonho de conhecer a cidade de Aparecida e também vibra com o Atlético, apesar de nunca ter ido ao estádio. Cícero sabe que há mais um jacaré no Barigui e, como um Dundee das araucárias, avisa: "Estou à disposição."

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