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Livro

Penguin-Companhia recria clássicos

Selo criado pela associação das editoras britânica e brasileira lança quatro primeiros títulos “aparatados”

Três romances de Jorge Amando serão lançados pela Penguin nos EUA em 2012 | Arquivo/Gazeta do Povo
Três romances de Jorge Amando serão lançados pela Penguin nos EUA em 2012 (Foto: Arquivo/Gazeta do Povo)
Evaldo Cabral de Mello organiza O Brasil Holandês e Joaquim Nabuco Essencial. Pelos Olhos de Maisie, de Henry James, e O Príncipe, de Maquiavel, fecham a lista |

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Evaldo Cabral de Mello organiza O Brasil Holandês e Joaquim Nabuco Essencial. Pelos Olhos de Maisie, de Henry James, e O Príncipe, de Maquiavel, fecham a lista

Celebrada superlativamente como o acontecimento do mercado editorial brasileiro em 2010, a par­­ceria entre as editoras Companhia das Letras e a Penguin se ba­­seia na simplicidade dos clássicos.

À venda a partir de hoje, os quatro primeiros títulos do selo Penguin-Companhia não trazem novidade em si, mas primam pelo design lendário da multinacional britânica, por novas traduções e pelo que no meio livreiro se chama de "aparatos’’: prefácios, posfácios, intervenções editoriais.

As obras inaugurais são: O Príncipe, de Maquiavel, com prefácio de Fernando Henrique Cardoso e nova tradução de Maurício Santana Dias; Pelos Olhos de Maisie, de Henry James, com fortuna crítica, comentários do autor e tradução revista por Paulo Henriques Britto; O Brasil Holandês e Joaquim Nabuco Essencial, organizados pelo historiador Evaldo Cabral de Melo.

As tiragens iniciais foram de 10 mil a 18 mil exemplares, bem acima da média do mercado, de 2 a 3 mil.

Até dezembro serão outros oito títulos. O plano é lançar 24 por ano, um terço dos quais de autores brasileiros. Por contrato, todas as obras saem também em livro eletrônico e não podem custar mais que R$ 35.

Tal acordo vale por sete anos. A Penguin entra com o catálogo, aparatos editoriais e o know-how e dividirá despesas com marketing e confecção de livros. A receita é dividida igualmente. As partes não revelam a cifra investida.

Detalhes

O filão no qual a multinacional britânica fez fama global – títulos de autores consagrados, geralmente em domínio público, em edições baratas mas bem cuidadas – parece não ter mistério. É algo que, em tese, qualquer grande editora como a Companhia faria sozinha.

Segundo o diretor do novo selo, Matinas Suzuki Jr., é uma conclusão enganosa. "Parece que é simples assim, mas tem um monte de detalhes nas edições que requerem expertise e estamos aprendendo com eles.’’

Ele cita um exemplo: antes da introdução de Pelos Olhos de Maisie, há uma advertência de que detalhes do enredo serão revelados naquele texto. "É um cuidado es­­petacular com o leitor’’.

Suzuki ressalta também o investimento promocional: "É uma das únicas editoras do mundo que faz trabalho de fixar a marca.’’

Percebendo que havia no Brasil espaço para explorar essa fatia de mercado, a Penguin procurou o dono da Companhia, Luiz Schwarcz. "Estamos na parceria com o objetivo de aumentar o interesse do público brasileiro por clássicos’’, disse o executivo-chefe da Penguin, John Makinson – que estará na Flip para debater o futuro do livro com o historiador americano Robert Darnton.

Fechado o acordo, Schwarcz e Suzuki foram a Nova York fazer um estágio na Penguin. Para ambos foi uma revelação ver, segundo Sch­warcz, "a capacidade que têm de fazer um livro renascer em paperback [capa mole]. É um livro novo’’.

"É surpreendente o tratamento rejuvenescido que eles dão aos clássicos. Os livros precisam ter uma ideia e uma cara contemporâneas, ser palatáveis aos jovens’’, completa Suzuki.

Makinson e Schwarcz negam que a parceria seja a prévia para a aquisição da brasileira pela multinacional. Mas não descartam dilatar futuramente a associação. "Como toda parceria, se for bem sucedida ela provavelmente será ampliada’’, disse o inglês.

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