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turnê intimista

Philip Glass volta com seu piano e um jovem talento do violino

Americano se apresenta no dia 15 de setembro, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro

Aos 25 anos em que tem vindo ao Brasil (com prodigiosa regularidade, diga-se de passagem), o americano Philip Glass foi multimídia como poucos. Envolveu-se com trilha para cinema ("Jenipapo", de Monique Gardenberg, e o recente "Nosso Lar", de Wagner Assis), ópera ("Matogrosso", com Gerald Thomas) e até artes plásticas (ano passado, ele tocou piano dentro de uma obra de Carlito Carvalhosa). Agora, o homem que durante anos carregou no peito (quase sempre a contragosto) o crachá de pai do minimalismo musical vem simplesmente para tocar piano.

Solos e duetos no Municipal

Dia 15, ele apresenta no Teatro Municipal do Rio de Janeiro o programa "Uma noite de música de câmara", como parte da temporada da Sala Cecília Meireles. Com a jovem revelação do violino Tim Fain (que tocou em cena do filme "Cisne negro"), Glass reúne peças suas em que toca sozinho ("Três estudos, para piano", "Metamorphosis, para piano"), outras que Tim executa solo (como "Partita para violino solo, em sete movimentos") e algumas em duo ("Music from The Screens" e "Pendulum").

- Serão concertos bem intimistas, com um repertório que as pessoas conseguirão facilmente identificar. Um formato que nos permite ir fundo na música - diz Glass.

A turnê brasileira do espetáculo começa no dia 10, em Olinda, na Igreja de Santa Sé, como parte da Mostra Internacional de Música em Olinda (Mimo), e segue na capital paulistana, nos dias 13 e 14, na Sala São Paulo. Dia 17, eles se apresentam em Salvador (no Teatro Castro Alves) e finalizam a turnê dia 19, em Porto Alegre, no Teatro São Pedro.

Philip Glass conheceu Tim Fain há poucos anos, quando estava arregimentando os músicos para um concerto baseado em imagens e poemas do canadense Leonard Cohen.

- Tim era um violinista impressionante, muito carismático. Levei-o comigo em vários concertos e, aos poucos, fui cedendo espaço - diz Glass, que, há alguns anos não se considerava um grande pianista e hoje se surpreende com seus progressos.

- E não é que eu estou virando um bom pianista? Tive que aprender a tocar e, com isso, acabei fazendo muitas descobertas com a minha própria música. Acho que, quando fiz boa parte delas, e lá se vão 30 e tantos anos, eu ainda não sabia tocá-las bem - avalia.

Célebre por suas experiências com sintetizadores e pela influência que exerceu sobre a >ita

- Hoje há uma nova linguagem de música eletrônica que não elimina o acústico. Temos o melhor de dois mundos - diz Glass, um músico de formação erudita que quebrou barreiras ao se aproximar de nomes do pop (são marcantes suas sinfonias feitas em cima dos discos "Low" e "Heroes", de David Bowie e Brian Eno).

- Vivemos num mundo bem melhor, em que um pianista não é demitido de uma orquestra por se aproximar da música pop - comemora.

Glass diz que os jovens estão promovendo "uma nova renascença" na música.

- No meu estúdio, tem músicos que são muito fluentes tanto no piano quanto no manejo do computador. O problema é que o mercado é bem menor do que era para a minha geração. Eles conseguem fazer concertos, mas não vendem discos. A questão urgente é saber como todos esses talentos emergentes vão se manter nestes tempos em que a economia está destruindo a música - diz ele, que não é estranho a essa situação, já que, nos anos 1970, mesmo com sua ópera "Einstein on the beach" sendo aclamada no Metropolitan de Nova York, ainda tinha que dirigir um táxi para pagar as contas.

Glass diz que, se pudesse fazer tudo de novo, não descartaria uma sólida base erudita.

- Estudar Bach tão profundamente quanto eu estudei na juventude me deu uma compreensão da linguagem musical do Ocidente que se estende até o pop - conta ele, que hoje ainda se surpreende ao tentar entender o ritmo na música clássica que vem da China.

Aos 74 anos, Philip Glass se considera "um felizardo".

- Nesta idade em que as pessoas normalmente estão se aposentando, minha vida está mais acelerada do que nunca! - diz.

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