Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Teatro

Picuinhas privadas

Bruno Mazzeo e Fernanda Souza vivem um casal obrigado a passar o Dia dos Namorados trancado no banheiro do apartamento, em Enfim, Nós

Zeca (Bruno Mazzeo) e Fernanda (Fernanda Souza): conflitos da vida a dois vêm à tona, enquanto tentam escapar do toalete | Divulgação/Prime
Zeca (Bruno Mazzeo) e Fernanda (Fernanda Souza): conflitos da vida a dois vêm à tona, enquanto tentam escapar do toalete (Foto: Divulgação/Prime)

Toda mulher, antes de se casar, deveria passar uma noite trancada no banheiro com o seu fu­­turo marido. Apenas obrigado à convivência sem interrupções, em um (incômodo) ambiente que não permita fugas, um casal teria a chance de realmente conhecer um ao outro.

O conselho é dado por Bruno Mazzeo, o filho de Chico Anísio que se tornou conhecido por explorar as "ciladas" do cotidiano em uma série de programas que vão ao ar no canal pago Multishow há cinco temporadas – e se tornou quadro do Fantástico –, o Cilada.

A chave do riso, no caso, é a busca pela identificação imediata do público com as situações a que assiste. Estratégia semelhante à empregada pelo roteirista na comédia romântica En­­fim, Nós, que faz uma única apresentação no Teatro Positivo, neste sábado (11).

A peça foi escrita a quatro mãos. O coautor é Claudio Torres Gonzaga, roteirista de A Grande Família, com quem Mazzeo criou outros textos teatrais e escreveu o especial para a televisão Carol & Bernardo, exibido em dezembro de 2003, com Andrea Beltrão e Eduardo Moscovis.

Novamente, os dois roteiristas pretendiam levar ao palco uma montagem inspirada nas comédias românticas. Tinham uma atriz na cabeça: Helen Hunt, protagonista, ao lado do ator Paul Reiser, da série Louco por Você (Mad about You), que acompanhava o dia-a-dia de um recém-unido casal em seu apartamento em Nova Iorque.

Algumas semelhanças se esboçam. Enfim, Nós também é a história de um homem e uma mulher que ainda estão se acostumando a viver sob o mesmo teto. Fernanda e Zeca, os personagens, vão comemorar o primeiro Dia dos Namorados desde que começaram a morar juntos. Planejavam uma noite romântica. Em vez disso, acabam acidentalmente trancafiados no banheiro, sem rota de fuga.

"O cenário é realista. Só um pouco maior do que os banheiros comuns. Eu e o Cláudio queríamos falar de coisas de casal e achamos que um banheiro seria um ambiente inusitado, onde a intimidade estaria à flor da pele", conta Bruno.

No espaço reduzido, Zeca e Fernanda não têm como evitar que surjam "questões normais de casal". "A solidão a dois, entre aquelas quatro paredes, faz com que reflitam sobre a re­­lação. Após um ano morando juntos, é a primeira vez que eles ficam colados sem sequer um intervalo. Resumindo, todos os sentimentos vêm à tona", adianta o roteirista.

Não são grandes brigas dramáticas fundadas em problemas trágicos, mas picuinhas. "Já passei por algumas, outras eu ouvi amigos contando…, mas a maioria das coisas é comum a qualquer pessoa", diz Mazzeo, reforçando a intenção de fazer a plateia rir por identificação.

Ele assumiu prontamente o papel de Zeca, deixando para Cláudio Torres Gonzaga a função de diretor da montagem. A personagem feminina teve mais de uma dona desde a estreia, em 2007. Foi de Fernanda Ro­­dri­­gues e de Regiane Alves, antes de cair nas mãos de Fernanda Souza, atriz em evidência no programa Toma Lá Dá Cá, no qual reafirma seu jeito para o humor.

"Cada atriz traz sua visão e tenta, da melhor forma, contar aquilo que o autor imaginava. A Fernanda é a mais cômica delas. É supertalentosa e uma ótima companheira de cena, isso é fundamental porque afinou muito nossa parceria", diz Mazzeo.

Ele foi calibrando sua atuação a cada mudança de companheira so­­bre o palco. "Sur­gi­­ram novas piadas, outras que não funcionavam foram sendo substituídas... A verdade é que hoje a pe­­ça es­­tá muito mais engraçada do que quando es­­treou."

Enquanto aprendem a lidar com os ciú­­mes, as co­­branças e os se­­gredos, os dois amantes têm de enfrentar mais contratempos, como perceber que a casa está sendo assaltada pela empregada e não poder reagir. Ou a tentativa de fuga frustrada que desemboca em um acidente de trânsito. Para ajudar a contar peripécias como essas, as vo­­zes de Luciano Huck, Heloisa Per­­ris­sé e Serjão Lo­­roza foram pré-gravadas e ressoarão nas paredes do banheiro aprisionador.

* * *

Serviço

Enfim, Nós. Teatro Positivo – Grande Auditório (Rua Professor Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300 – Campo Comprido), (41) 3317-3107. Texto de Bruno Mazzeo e Cláudio Torres Gonzaga. Direção de Cláudio Torres Gonzaga. Com Bruno Mazzeo e Fernanda Souza. Dia 11 às 21h15. R$ 80 a R$ 40.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.