
É impossível falar da música da segunda metade do século 20 sem citar obras-primas de Pierre Boulez como Le Marteau Sans Maître, que o grande compositor russo Igor Stravinsky (1882-1971) apontou, em alto e bom som, como a composição mais importante de sua época.
O compositor e maestro francês, que acaba de completar 90 anos, é o símbolo maior da consciência da renovação da linguagem musical numa época em que o hedonismo leva as pessoas cada vez mais à permanência e ao conforto do já consagrado.
Nascido em 26 de março de 1925, na pequena cidade histórica francesa de Montbrison, Boulez, dono de uma capacidade musical extraordinária, estudou principalmente com Olivier Messiaen (1908-1992) e René Leibowitz (1913-1972) – este último, aluno de Arnold Schoenberg (1874-1951).
Fanático pela música de Anton Webern (1883-1945), o francês mostrou uma recusa pelo tonalismo e uma decidida adesão pelo serialismo desde sua obra mais antiga conhecida, Notations, para piano solo, de 1945.
Suas composições, pensadas sempre para agrupamentos alternativos, se tornaram mais “plásticas”, mais acessíveis. Mas ele sempre as concebeu visando o futuro e nunca dando um passo para trás. Quem teve a felicidade de vê-lo em palestras e em concertos sabe que o maestro e compositor é uma personalidade da qual emana um enorme magnetismo associado a uma irresistível simpatia. Boulez é o melhor advogado da nova música.
Audição
No final da década de 1950, Pierre Boulez começa a se dedicar também à regência de orquestra. Com um senso rítmico excepcional e uma audição legendária, Boulez fez uma carreira fulgurante nos pódios internacionais. Suas versões para Parsifal (1966-1970) e O Anel do Nibelungo (1976-80) no Festival Wagneriano em Bayreuth marcaram época.
À frente do conjunto que fundou, o Domaine Musical, a ideia de Boulez era executar obras escritas no século 20 que eram pouco conhecidas, mas essenciais para a compreensão de suas próprias composições.
De 1971 até 1975, o compositor e maestro foi também diretor musical da Orquestra Sinfônica da BBC em Londres e, de 1971 até 1977, diretor musical da Orquestra Filarmônica de Nova York.
A partir de 1976, sua principal atividade foi a direção do IRCAM (Instituto de Pesquisa e de Coordenação Acústico-Musical), de Paris. Lá organizou o Ensemble InterContemporain, um grupo excepcional de instrumentistas especializados na execução de música contemporânea.
Isso não impediu que se tornasse presença constante frente às mais importantes orquestras do mundo como a Filarmônica de Berlim, a Filarmônica de Viena, a Sinfônica de Chicago e a Orquestra de Cleveland.



