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A cidade vista do Alto da XV em traços de nanquin e aquarela | Reprodução
A cidade vista do Alto da XV em traços de nanquin e aquarela| Foto: Reprodução

Aos domingos

O grupo Croquis Urbanos reúne-se todos os domingos. Os trabalhos têm início às 10 horas e terminam ao meio-dia em ponto. Todos os desenhos sem retoques podem ser vistos na página do grupo www.facebook.com/CroquisUrbanosCuritiba.

  • Desenhistas em ação
  • A oito mãos: criação coletiva para celebrar o prazer de desenhar
  • A pequena casa de madeira em uma vila do bairro das Mercês no traço de Marconi

O viaduto da Praça das Nações, no Alto da XV, é um dos mais privilegiados pontos de observação de Curitiba. Quem passa por ali com frequência sabe que é comum encontrar casais de namorados apoiados em seu parapeito. Seja para esperar, nas noites certas, a ascensão da lua cheia ou só para tomar um caldo de cana e ampliar o horizonte da relação com aquela paisagem diante dos olhos.

VÍDEO: Veja como foi o encontro do Croquis Urbanos

Na manhã cinza do último domingo, também para fins românticos, o local foi ocupado por um grupo que, desde o último mês de abril, engatou um affair com a cidade: os desenhistas do grupo Croquis Urbanos.

Para quem ainda não viu o grupo em ação, trata-se de uma reunião aberta de desenhistas iniciantes, amadores e profissionais que, nas manhãs de domingo, elege paisagens marcantes da cidade como temas para desenhos de observação livre. Estas se transformam em poéticos registros gráficos da cidade e de seus habitantes.

O grupo nasceu ao acaso, sob influência de um movimento internacional de desenhos urbanos. Desde as primeiras reuniões, em abril, até o último domingo, os integrantes já desenharam paisagens famosas, como o Moinho Re­­bouças, os casarões da Ave­­nida Bispo Dom José, uma vila e a casa modernista de Frederico Kirchgässner. No São Francisco, retrataram o Paço da Liberdade e outros pontos da nossa arquitetura urbana.

No último encontro, por iniciativa de José Marconi, professor de Design da UTFPR e pioneiro do Croquis, o trabalho foi uma jam session de desenho. "Experimentamos um desenho em conjunto, onde um faz uma direção de arte, põe mais cor aqui, mais uma pincelada ali. Um desenho que nasce de vários autores, mas acaba tendo uma unidade estética", observa.

Ele explica que o processo foi iniciado com um croqui geral para identificar as cenas de acordo com alguns marcos geográficos (prédios, postes, bandeira, árvore etc.). "Depois, cada um se dedicou a desenhar com grafite um determinado trecho. Em seguida, um meio tom foi aplicado com aquarela, pinceladas em negro adicionais, canetinha fina aplicada nas texturas, detalhes contornados", explica.

Marconi diz que o grupo, sem fins comerciais, antevê algumas possibilidades para o futuro, como uma exposição física das obras e um livro compilando os resultados de um ano da experiência. "Quem sabe, no dia mundial do desenho [28 de outubro], um grande encontro coletivo de desenhistas", planeja. "Ainda não sabemos aonde o processo vai chegar. Espero que seja como o amor: infinito enquanto dure."

Movimento mundial inspira grupo

O coletivo de desenhistas Croquis Urbanos nasceu influenciado pelo movimento Urban Sketchers, criado na Espanha, em 2007. Desde então, em várias cidades de muitos países surgiram grupos com trabalhos semelhantes.

No caso curitibano, a coisa nasceu no dia em que o desenhista José Marconi, já com a ideia na cabeça, viu o arquiteto Reinoldo Klein de lápis na mão, desenhando a fachada do Paço da Liberdade, no centro de Curitiba.

Veteranos

Aos dois, juntou-se o desenhista Wagner Polak, seguido por Fabiano Vianna, Simon Taylor, Cássio Shimizu e João Paulo de Oliveira, entre outros. Alguns, profissionais veteranos ou professores de seus ofícios. Outros, desenhistas amadores.

A ideia principal, explica o cartunista Simon Taylor, é que as ações sejam abertas para qualquer um que queira participar, criando, assim, uma diversidade maior de técnicas, olhares e linguagens.

"A atividade do desenhista, por natureza, é solitária. Esta experiência de estarmos todos no mesmo astral faz com que a troca de ideias seja muito rica", explica.

"Ainda que o objetivo principal seja o prazer de desenhar, o processo tem influenciado cada um de nós individualmente nas nossas respectivas carreiras", afirma.

O Croquis Urbanos tenta ser o mais inclusivo e democrático possível. Mesmo assim, a trupe segue alguns "mandamentos", também inspirados pelo Urban Sketchers. O grupo só desenha no local a partir da observação direta. A ampulheta dura duas horas – das 10 horas ao meio-dia.

Não se fazem retoques e muito menos se usa qualquer tipo de mídia para valorizar os trabalhos individualmente. Ao final, os desenhos são comparados pelos integrantes, que se apoiam mutuamente. Os trabalhos são compartilhados on-line.

Para o arquiteto Reinoldo Klein, essas premissas possibilitam o registro da vida urbana em um ritmo que o cotidiano nos impede de perceber. "No dia a dia, a gente passa muito rápido pelos lugares. Este processo também é uma maneira de deter o olhar um pouco mais lento, mais cuidadoso. Você senta, desenha, presta atenção em cada detalhe e faz um recorte de um instante da história daquele local."

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Cultura e Lazer | 3:29

Idealizado sob a influência do movimento internacional Urban Sketchers, o coletivo Croquis Urbanos coloca em contato desenhistas amadores e profissionais. O objetivo é trocar experiências e compartilhar um olhar mais demorado sobre a cidade.

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