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| Foto: JOEL SAGET/AFP

Leonard Cohen, o notável músico e poeta canadense, considerado um dos artistas mais visionários de sua geração, morreu aos 82 anos. O anúncio foi feito pela família na página do artista no Facebook na quinta-feira (10). As causas da morte não foram divulgadas.

Cohen lançou seu 14º disco de inéditas, “You Want it Darker”, há três semanas. Ele iniciou a carreira como cantor e compositor em 1967, aos 33 anos, quando já era um poeta consagrado no Canadá. Nos anos 1990, passou cinco anos vivendo como monge budista. Sua música mais conhecida é “Hallelujah”.

“É com profunda dor que comunicamos que o lendário poeta, compositor e artista Leonard Cohen faleceu. Perdemos um dos mais reverenciados e prolíficos visionários da música”, diz o comunicado publicado no Facebook.

Uma cerimônia será organizada em Los Angeles, onde Cohen vivia, “em uma data a ser anunciada posteriormente”, informa a nota, acrescentando que “a família pede que se respeite sua intimidade neste momento de luto”.

Vencedor de vários prêmios, como o Príncipe das Astúrias em 2011, e com uma legião de fãs como cantor e compositor, Cohen entrou para a indústria da música relativamente tarde e iniciou a carreira como poeta, uma vocação solitária que se encaixava com sua personalidade calada e frequentemente deprimida durante a juventude em Montreal.

Cohen, com sua voz rouca e grave, lançou seu último álbum no mês passado, “You Want It Darker”, no qual refletia sobre sua própria mortalidade. O artista, que lutava contra o nervosismo que sentia no palco inclusive no auge de sua carreira, gravou álbuns aclamados pela crítica, mas nem sempre considerados comercialmente viáveis.

É só uma história meiga, uma história de amor

Leonard Cohen é o compositor de algumas das canções mais memoráveis do século XX, como “So Long, Marianne” e “Suzanne”, inspiradas em duas das muitas mulheres que se transformaram em suas musas, além de “Hallelujah”, regravada diversas vezes e interpretada praticamente como um hino religioso.

O prefeito de Montreal, cidade natal de Cohen, Denis Coderre, anunciou luto oficial no município.

Fãs rapidamente se reuniram diante da residência do artista, no centro do distrito de Plateau Mont Royal na cidade canadense, onde acenderam velas e cantaram algumas de suas músicas.

“A música de Leonard Cohen era como nenhuma outra e transcendeu as gerações”, disse o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, também nascido em Montreal.

Fãs fazem tributo póstumo a Leonard Cohen, na frente de sua casaMARC BRAIBANT/AFP

Mais confortável na solidão

Nascido em 21 de setembro de 1934 em uma próspera família judia que fundou sinagogas no Canadá, Cohen foi celebrado como um dos grandes escritores em seu país, mas passou a vida adulta constantemente em movimento, tanto geográfica como espiritualmente.

Se lançou na poesia com “Let Us Compare Mythologies”, em 1956, o primeiro de mais de dez livros, incluindo os romances The Favorite Game, de 1963, e Beautiful Losers, de 1966.

Ele iniciou a carreira musical nos anos 1960 em Nova York, onde conheceu artistas de vanguarda como o pintor Andy Warhol e o líder do grupo Velvet Underground, Lou Reed, que introduziu o canadense no Salão da Fama do Rock and Roll em 2008.

“Somos muito felizes por viver ao mesmo tempo que Leonard Cohen”, afirmou na ocasião.

Mas Cohen, por temperamento, estava muito mais confortável em relativa solidão. O artista passou anos na ilha grega de Hidra, onde escreveu a uma prudente distância da confusão do mundo, e passou o capítulo final de sua vida como um monge budista Zen em um mosteiro próximo da região de Los Angeles.

Após anunciar o fim da carreira, na década de 1990, Cohen teve que voltar aos palcos em 2004, por razões financeiras, depois de sua agente desviar milhões de dólares.

Sua gravadora anunciou a morte na quinta-feira à noite e informou que uma cerimônia fúnebre privada será organizada em Los Angeles.

Cohen descrevia seu trabalho como confessional, mas de uma maneira que permitia explorar seus pensamentos.

“Nunca pensei que fosse realmente alguém importante. Por isso o trabalho que tinha era apenas cultivar este pequeno espaço do campo em que acreditava conhecer algo, que tinha algo a ver com introspecção, sem autoindulgência”, afirmou ao apresentador de rádio canadense Jian Ghomeshi em 2009.

Cohen manteve um longo fascínio com a questão espiritual, considerando-se judeu, mas se dedicando ao budismo e também a estudos com um guru hindu.

Cohen, que tem álbuns como “Death of a Ladies’ Man” – também ficou conhecido por seu apetite sexual, tendo numerosas mulheres, e escreveu “Chelsea Hotel No. 2” sobre sua relação com a cantora Janis Joplin.

Muitas vezes, Leonard Cohen foi comparado a Bob Dylan pela profundidade de suas letras.

“Leonard Cohen foi um músico sem igual, cuja obra assombrosa e original alcançou gerações de fãs e artistas”, destacou a gravadora Sony Music.

“Seu extraordinário talento teve um impacto profundo em um número incalculável de cantores e compositores, e sobre a cultura em geral”, afirmou a Academia dos Grammys, que concedeu em 2010 um prêmio especial a Cohen pelo conjunto de sua carreira.

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