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Cênicas

Polêmica com humor chega ao Teatro Guaíra

Miguel Falabella traz a Curitiba sua adaptação de A Gaiola das Loucas, peça francesa que chegou ao Brasil no ano seguinte à estreia, em 1973

Miguel Falabella como Georges em A Gaiola das Loucas: peça aborda tema delicado ainda hoje | Caio Gallucci/Divulgação
Miguel Falabella como Georges em A Gaiola das Loucas: peça aborda tema delicado ainda hoje (Foto: Caio Gallucci/Divulgação)

O texto poderia ter sido escrito hoje para retratar o clima de tensão vivido no país com relação à expressão das relações homossexuais nas artes. Mas a peça A Gaiola das Loucas (confira o serviço completo do espetáculo), de Jean Poiret, estreou em 1973, em Paris, e continua sendo retomada por artistas de peso que atraem plateias numerosas. É o caso da versão de Miguel Falabella que chega a Curitiba no próximo fim de semana, com três apresentações no Teatro Guaíra.

A trama toca em uma questão ainda hoje delicada: a criação de crianças por casais gays. Georges, dono do cabaré La Cage aux Folles ("a gaiola das loucas"), em Saint Tropez, cria o filho Lourenço, fruto de uma relação heterossexual com uma corista de cabaré. Ele forma um casal com Albin – que, nos palcos, onde atua como vedete, atende como Zazá. Lourenço decide se casar, mas tem o azar de encontrar um sogro homofóbico e ainda mais – presidente do partido Família, Tradição e Moralidade, que tem entre suas plataformas a expulsão dos homossexuais de toda a Riviera Francesa.

A identificação brasileira com a dobradinha "polêmica mais comédia" é uma das explicações para o país ter recebido uma adaptação da obra logo no ano seguinte à estreia parisiense. O casal gay foi vivido por Jorge Dória, hoje com 90 anos, e pelo humorista Rodolfo da Rocha Carvalho, o Carvalhinho, morto em 2007.

A dupla soube dotar de profissionalismo a peça, então "escandalosa". Em crítica sobre o espetáculo publicada pelo Jornal do Brasil, o polonês radicado no Rio de Janeiro e morto em 1990 Yan Michalski es­­ creveu que os dois atores brasileiros "curtem seus papéis com uma alegria contagiante, grande riqueza de detalhes e uma graça altamente valorizada pelo fato de não se tratar de uma mera exibição de trejeitos afeminados e sim de composições estudadas e completas".

A ressonância da obra entre plateias internacionais também é potente, a julgar pelo número de adaptações: além das duas versões em longa-metragem – a mais conhecida, de 1996, é estrelada por Robin Williams e Gene Hackman – e duas sequências, a história virou musical na Broadway, que este ano parte em turnê.

No Brasil, Miguel Falabella estreou em 2010 sua versão do musical, com ele e Diogo Vilela no papel da dupla gay e apresentações no Rio e em São Paulo.

Como não seria possível viajar com a parafernália do musical, a versão que chega ao Guaíra no sábado é a adaptação da própria peça, e tem Sandro Christopher como Albin. Completam o elenco Jorge Maya (com Jacó), Davi Guilhermme (Lourenço), Carla Martelli (Anne), Eliana Rocha (Xavière), Carlos Leça (o sogro, Dieulafoi), Keila Bueno (Madame Dieulafoi) e Gustavo Klein (Francis, Mercedes e Cagelles).

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Serviço:

A Gaiola das Loucas (confira o serviço completo do espetáculo). Teatro Guaíra (Praça Santos Andrade, s/nº), (41) 3304-7900. Dias 12 e 13, às 21 horas, e dia 14, às 20h15. Ingressos a R$ 196 (plateia, filas A a K), R$ 176 (filas L a V), R$ 156 (1º balcão) e R$ 136 (2º balcão). Meia-entrada para estudantes, professores, pessoas com mais de 60 anos, deficientes físicos e doadores de sangue. Assinantes da Gazeta do Povo e associados do Clube Curitibano contam com 20% de desconto na compra de até um bilhete por titular. Classificação indicativa: 12 anos.

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