
A votação que definiu Nihonjin, do paranaense de Maringá Oscar Nakasato, como o melhor romance da edição deste ano do Prêmio Jabuti a divulgação foi na última quinta-feira foi cercada de polêmica. A vitória de Nakasato foi favorecida pelos votos de um dos jurados da categoria, identificado como C. Último a votar, de um total de três, o jurado favoreceu autores estreantes ou em início de carreira em detrimento de nomes consagrados, desequilibrando o resultado.
O jurado optou por dar notas entre zero e 1,5 a cinco dos dez finalistas. Ana Maria Machado, que concorria com o livro Infâmia, recebeu duas notas 0 e uma nota 0,5 de C. Se apenas a pontuação dos dois outros jurados fosse considerada, ela teria vencido a categoria. O romance tinha sido o segundo mais votado na primeira fase do prêmio e, nesta fase final, recebeu cinco notas dez e uma nota 9,5 dos outros dois integrantes do júri, sendo o mais bem avaliado entre todos os outros concorrentes.
"Ficamos chocados e desnorteados com as notas zero e meio de Ana Maria Machado", reconhece José Luiz Goldfarb, curador do Prêmio Jabuti. "Não me senti confortável em questionar o voto do jurado C após a apuração. Se crio uma regra e dou a ele as cédulas para votar, não posso questionar a soberania de um voto feito dentro do regulamento. Dar as notas que bem entender é um direito do jurado, ainda que como curador eu não concorde com a estratégia que ele adotou. Não considero o jurado C adequado ao prêmio, ele usou uma falha minha e abusou do poder que tinha. Vou reavaliar sua participação. Mas não posso mudar o resultado. Ele é inquestionável e não pode ser anulado."
O jurado C também deu notas até 1,5 para obras do curitibano Wilson Bueno, Luciana Hidalgo, Paulo Scott e Menalton Braff. Ao vencedor, deu 10 em todos os quesitos.
A Câmara Brasileira do Livro vai divulgar a identidade dos jurados no dia 28 de novembro, quando os prêmios serão entregues aos vencedores.
Serviço:Nihonjin. Oscar Nakasato. Editora Benvirá, 176 págs., R$ 19,90. Romance



