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Música

Por que vai ser tão caro ver Robert Plant

Ingresso para a plateia do show do ex-vocalista do Led Zeppelin no Guaíra custa R$ 840; produtores explicam os motivos

Turnê de Robert Plant passa por seis capitais brasileiras em outubro. Ingressos para o show em Curitiba são os mais caros do país | Divulgação
Turnê de Robert Plant passa por seis capitais brasileiras em outubro. Ingressos para o show em Curitiba são os mais caros do país (Foto: Divulgação)

Se você pretende assistir ao show de Robert Plant no Teatro Guaíra, no dia 27 de outubro, talvez precise fazer uma engenharia financeira: os ingressos de inteira para a plateia custam R$ 840, ou 35% a mais do que o salário mínimo em vigor, R$ 622. No primeiro balcão, o valor cai para R$ 640 (ou R$ 320 a meia-entrada), e para R$ 460 (R$ 230 a meia) no segundo balcão – já esgotado (veja o serviço completo do show no Guia Gazeta do Povo). É o ingresso mais caro entre as seis capitais brasileiras que vão receber a apresentação do ex-vocalista do Led Zeppelin – e o mais alto de toda a turnê, até agora.

No Rio de Janeiro, por exemplo, onde Robert Plant se apresenta no dia 18 de outubro, no HSBC Arena, os ingressos variam entre R$ 90 (a meia-entrada nas cadeiras Nível 3) e R$ 400 (a inteira na BudZone). Na capital paulista, o show – que acontece no dia 22 de outubro, no Espaço das Américas – custa entre R$ 120 (a meia-entrada na pista) e R$ 400 (a inteira na BudZone). Já em Porto Alegre, última capital a receber a turnê, no dia 29 de outubro, no ginásio Gigantinho, os ingressos variam entre R$ 130 (arquibancada) e R$ 250 (pista premium).

Mas por que os curitibanos vão ter de desembolsar tanto dinheiro para ver de perto o ex-integrante do Led Zeppelin? A primeira – e mais óbvia – explicação diz respeito às dimensões do teatro Guaíra, em comparação aos outros espaços que vão receber a turnê no Brasil. "O Guaíra é o menor lugar onde o Robert Plant está se apresentando", explica Verinha Walflor, produtora responsável pela vinda do cantor e compositor britânico. O teatro tem 2.167 lugares, mas a quantidade disponível para o público é ainda menor. "Descontando as cotas de convites, as cortesias para o pessoal de apoio, imprensa, patrocinadores e a quantidade reservada pelo próprio teatro, sobram aproximadamente 950 lugares na plateia, 536 no primeiro balcão e 478 no segundo, totalizando por volta de 1.960 assentos", revela a produtora.

É uma capacidade muito inferior à de todos os outros espaços da etapa brasileira da turnê, que variam entre 8 mil (Espaço das Américas, em São Paulo) e 45 mil pessoas (Expo Minas, em Belo Horizonte). Verinha justifica a escolha do Guaíra: "A produção nacional, em comum acordo com o Robert Plant, quis que um dos shows no Brasil fosse num teatro, e a praça escolhida foi Curitiba. Considero muito honroso para a cidade, e acho que o público deveria se sentir homenageado. Nenhum outro lugar do Brasil terá o conforto, a qualidade de som e o encantamento do Guaíra. Não vamos ver o Robert Plant no Expotrade... e o público está pagando por este conforto."

Outro motivo apontado pelos produtores para o valor dos ingressos é a lei da meia-entrada. "A gente faz uma conta em todos os espetáculos, considerando que 90 a 95% dos ingressos comercializados são de meia-entrada", conta Verinha Walflor. "Se não existisse a lei da meia-entrada, os ingressos custariam R$ 420, R$ 320 e R$ 260 para a plateia, o primeiro e o segundo balcões, respectivamente. Acontece que muita gente tem carteirinha falsa, não existe fiscalização nenhuma, e a coisa vira uma bola de neve. Desde que criaram essas leis, os preços foram lá para cima. A meia-entrada vira a inteira, e a meia dúzia que não tem carteirinha acaba pagando muito mais caro. Também não acho justo, mas não temos alternativa", desabafa.

Verinha enumera mais algumas razões para justificar o preço do ingresso do show de Robert Plant. "Tem o cachê do artista, que é bem alto, os serviços de camarim, catering, almoço, jantar e hospedagem para 33 pessoas, passagens aéreas, transporte de equipamentos, aluguel do teatro, impostos, pagamento do Ecad, sindicatos, os 3% de cada ingresso vendido pela internet... é uma infinidade de custos", destaca. "Estamos correndo o risco. As despesas estão praticamente iguais ao valor a ser arrecadado com uma bilheteria lotada."

Repercussão

Fábio Neves, da Seven Entretenimento, que recentemente trouxe o show da banda norte-americana Maroon 5 ao Expotrade, confirma as explicações de Verinha Walflor. "O Guaíra é o menor espaço a receber o show, é uma produção muito cara e o cachê dele é alto", assegura. "Curitiba precisa de uma casa para shows de médio porte, para umas 6 mil pessoas, mas que seja moderna e confortável. O Curitiba Master Hall é um espaço ultrapassado, não tem condições de receber um artista desse nível. Sem a Pedreira, temos apenas dois ótimos teatros: o Guaíra e o Positivo, mas que têm problemas de espaço e de pauta."

Para Chrystian Ramos, da Futura Produções, que está trazendo a cantora canadense Alanis Morissette ao Curitiba Master Hall, o valor do ingresso para o show de Robert Plant é justo. "O custo de produção para viabilizar um show desses no Guaíra justifica esse preço. Além disso, ainda temos muita dificuldade de estrutura na cidade: muitas vezes precisamos trazer profissionais e equipamentos de som e luz de São Paulo", comenta. "Os artistas também deveriam se conscientizar e parar de esfaquear os produtores, pois boa parte dos cachês ultrapassa os US$ 100 mil. Além disso, a concorrência entre os próprios produtores acaba encarecendo esses cachês, e, em consequência, o valor final dos ingressos."

Diante de tudo isso, quem acaba literalmente pagando o pato é o público. Como Diogo Mello, guitarrista da banda The Nobs, que há 16 anos toca em bandas-tributo ao Led Zeppelin e ainda não sabe se vai conseguir ver o ídolo. "Eu quero muito ir, estou tentando juntar dinheiro, mas é muita grana! Principalmente para quem não tem carteirinha de estudante, como eu. É complicado, fica inacessível, um show para rico", resume.

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