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Cinema

Professor simula um regime fascista no alemão A Onda

O professor diante da classe: o delírio fascista embala A Onda | Divulgação
O professor diante da classe: o delírio fascista embala A Onda (Foto: Divulgação)

Num curso sobre autocracia, o professor Rainer Wenger é confrontado por um aluno que diz ser impossível o nazismo ressurgir na Alemanha depois do que aconteceu na Segunda Guerra Mundial. Para provar que o adolescente está errado, Wenger põe em prática um plano radical: criar um exemplo de fascismo dentro da sala de aula.

A Onda, em cartaz a partir desta sexta-feira, é uma adaptação do livro de Todd Strasser, inspirado na história real do autor, que viveu a experiência de liderar um movimento autocrático em uma escola dos Estados Unidos, em 1967. Fora das telas, a onda de Strasser cresceu com velocidade, saltando de 20 e poucos alunos para mais de 300, até que um menino perdeu a mão construindo explosivos. E Strasser teve de encerrar sua carreira de professor.

No filme, o desfecho é diferente da história original. O diretor Dennis Gansel leva a ação para a Alemanha dos dias atuais e, passo a passo, acompanha a evolução da onda. Tudo é tão possível que o espectador só pode se contorcer diante da tela à medida que a obediência dos estudantes cresce. Ver os primeiros lampejos de fanatismo é como assistir a um filme de horror.

A certa altura, não fica claro se o professor também está sob uma espécie de transe, inebriado pelo poder absoluto que exerce sobre os adolescentes.

Do ponto de vista ideológico, Gansel parece defender que a maioria dos seres humanos está ansiosa por ser guiada, por fazer o que a mandam fazer.

Numa das primeiras aulas, ao definirem autocracia, a turma observa que ela se torna mais provável com a ajuda de problemas sociais e financeiros. São nos países pobres que elas se proliferam mais.

Porém, ao longo do filme, os jovens arrastados pela Onda têm dinheiro, dirigem carrões cedidos pelos pais e, na pior das hipóteses, enfrentam adversidades comuns na relação com colegas de escola.

Talvez o que alimenta um regime fascista seja então outro tipo de pobreza. A de espírito. GGG1/2

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