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Cinema

Público ainda não descobriu o Guarani

Sala de exibição instalada no Centro Cultural do Portão tem passado bons filmes, mas com sessões muito vazias

O Cine Guarani tem tido sessões quase vazias desde sua inauguração no fim de junho | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
O Cine Guarani tem tido sessões quase vazias desde sua inauguração no fim de junho (Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo)

Um dos melhores filmes que estiveram em exibição em Curitiba nas últimas semanas foi o premiado longa-metragem uruguaio A Vida Útil, de Federico Veiroj, que tem como protagonista um homem que após uma existência inteira de trabalho dedicado à Cinemateca de Montevidéu, se vê sem emprego e, pior, roubado da razão de sua vida: o cinema.

Embora tenha sido o filme escolhido para representar o Uruguai na corrida por uma vaga entre os indicados ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2011, e tenha sido exibido na capital paranaense por algumas semanas, A Vida Útil foi visto por pouquíssimos espectadores. Assim como boa parte dos títulos exibidos no Cine Guarani, desde que a sala instalada no Centro Cultural do Portão (CCP) e sob o comando da Fundação Cultural de Curitiba foi reinaugurada em 28 de junho deste ano, depois de passar por extensas reformas.

Segundo a coordenadora de Cinema e Vídeo da Cinemateca de Curitiba, Solange Stecz, também responsável tanto pela administração quanto pela programação do Guarani, o público da sala, que tem 164 lugares, tem deixado muito a desejar. A média de ocupação tem sido de 20 a 30 espectadores por sessão, em uma estimativa otimista, quando o ideal seria ter metade dos assentos tomados nas três sessões diárias: às 16 horas, com filmes voltados ao público infantojuvenil, e às 18 e 20 horas, com programação destinada a adultos.

O Cine Guarani teve sua primeira vida no bairro Portão entre 1955 e 1974, quando foi fechado. Em 1988, a sala foi reinaugurada, já dentro das instalações do Centro Cultural do Portão, com a exibição do longa nacional Eternamente Pagú, de Norma Bengell. Essa segunda encarnação durou até 2003, quando fechou as portas, reabertas neste ano.

Motivos

Há várias razões que explicam a baixa frequência do Guarani. A sala é ainda pouco conhecida dos curitibanos e está cercada de salas de exibição de perfil comercial, em multiplexes que funcionam nos shoppings Total e Palladium, vizinhos do CCP. A programação, por sua vez, talvez nem sempre tenha grande apelo para uma plateia mais numerosa.

Solange disse à reportagem da Gazeta do Povo que a opção é por títulos nacionais mais alternativos – A Vida Útil é uma exceção internacional que poderá ser seguida por outras –, que não tenham encontrado telas disponíveis no grande circuito. "Por isso, temos trabalhado principalmente com distribuidoras independentes, como Vitrine, Polifilmes, Downtown, e Pandora."

As chamadas majors (Universal, Paramount, Fox e Sony), e mesmo empresas menores, conta Solange, relutam em deixar que seus filmes sejam exibidos no Guarani, porque o cinema tem ingressos subsidiados, bem mais baratos do que a média do mercado: R$ 5, R$ 2,50 (meia) e R$ 1 (aos domingos). Como ficam com 50% do total arrecadado, acabam recebendo muito menos do que ganhariam caso o filme estivesse em cartaz no circuitão.

Desde sua abertura, o Guarani exibiu títulos festejados pela crítica, como Girimunho, de Helvécio Marins e Clarissa Campolina, Trabalhar Cansa, de Juliana Rojas e Marcos Dutra e o documentário Vou Rifar Meu Coração, de Ana Rieper.

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