
Uma das passagens obrigatórias do Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto (FIT) é por quatro mesas instaladas num barracão onde já funcionou uma das multinacionais da rica cidade no norte paulista.
Ali acontece "Otra Frecuencia - Audio Performance de a Dos", do grupo, ou melhor, do casal BiNeural MonoKultur. De dois em dois, o público recebe fones de ouvido pelos quais é instruído sobre ações que deve tomar. Torna-se assim personagem de uma trama de espionagem na qual caiu de pára-quedas -- mas, se o espírito estiver para isso, é fácil entrar no clima.
As duplas precisam ser formadas por um homem e uma mulher. Cada um ouve uma parte da história e é direcionado pelas "vozes" a seguir para a mesa seguinte, onde se surpreende ao ser abordado agora como o sexo oposto -- ouvindo quase que secretamente as ordens que o colega deveria estar ouvindo.Isso é parte do jogo. "Antes era uma performance rápida de 10 minutos, mas descobrimos que o público precisava passar pelos dois personagens", conta a alemã Christina Ruf.
Em parceria com Ariel Dávila, que conheceu na Alemanha, ela já trouxe ao FIT outro modelo de performance que envolve o espectador -- na ocasião, cada um recebia fones de ouvido e saía sozinho pela cidade, ouvindo uma narração sobre o espaço urbano local. "Dava muito trabalho de produção adaptar a cada cidade", explica Ariel. Agora, eles trabalham com uma peça que aborda a soja transgênica, em parceria com cientistas.
Saindo do barracão, o público-performer sente-se leve por ter entrado e saído ileso de um complô que envolve alienígenas, andróides, trechos de "Blade Runner" e chocolatinhos que podem significar algo a mais.



