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DVD

Quatro Irmãos propõe vingança à moda antiga

Seja no Texas do Velho Oeste ou na Detroit dos dias atuais, a vingança é praticamente uma instituição em lugares violentos. Que o digam os protagonistas de Quatro Irmãos, longa do diretor John Singleton recém-chegado às locadoras. Inspirado no western Os Filhos de Katie Elder (1965), com John Wayne e Dean Martin, o filme é um surpreendente policial à moda antiga. Aqui, não há espaço para galãs assépticos ou lutas coreografadas como se fossem videogames. É uma história de macho para macho, mas com qualidades suficientes para também conquistar outros públicos.

A trama começa com o brutal e misterioso assassinato de Evelyn Mercer, senhorinha conhecida em Detroit por suas boas ações. O velório marca o reencontro de seus quatro filhos adotivos: Bobby (Mark Wahlberg, de Mar em Fúria), Jack (Garrett Hedlund, de Tróia), Jeremiah (André Benjamin, da dupla de hip-hop Outkast) e Angel (Tyrese Gibson, de + Velozes + Furiosos). Dois brancos e dois negros, que, apesar das diferenças raciais, agem e falam como se fossem irmãos de sangue. Com um detalhe: todos deram muito trabalho para Evelyn, responsável por tirá-los da marginalidade.

Não que os marmanjos agora sejam santos – pelo contrário. Conservam a malandragem aprendida nos becos e a capacidade de se meter em confusão por qualquer coisa. Intrigado com o crime, o quarteto parte para uma investigação nada convencional, com direito a muitos carros, móveis e, principalmente, ossos quebrados. Não demora muito e os irmãos descobrem que a morte da mãe foi encomendada e faz parte parte de uma perigosa trama envolvendo mafiosos, políticos e policiais. Começa então um toma lá da cá entre a família e os bandidos, até a chegada do embate final, com o crudelíssimo Victor Sweet (Chiwetel Ejiofor, de Melinda e Melinda), chefão do submundo local.

Autor de pelo menos dois clássicos do cinema black – Os Donos da Rua e Baby Boy (além da competente refilmagem de Shaft) –, John Singleton é um diretor antenado com as ruas. Seus filmes têm uma certa "sujeira" típica dos policiais dos anos 70, sempre embalados por doses certeiras de ação, humor e sensualidade. Em Quatro Irmãos, esse clima saudosista é reforçado por uma trilha sonora empolgante, composta por pérolas nada óbvias da soul music norte-americana.

Sem culpa ou redenção, os irmãos anti-heróis fazem sua "limpeza" como se a revanche fosse tão natural como solicitar uma certidão de óbito e pagar a conta da funerária. Mas, para eles, a vingança não é um prato que se come frio: funciona como uma catarse, que substitui o choro desesperado à beira do caixão. Quem disse que este é um mundo civilizado? GGG

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