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Cinema

Quem vigia os vigilantes?

Chega aos cinemas a adaptação cinematográfica de Watchmen, graphic novel escrita por Alan Moore e tida como uma das obras mais importantes do universo dos quadrinhos

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O ano é 1985. A Guerra Fria entre os Estados Unidos e a União Soviética chega a seu ponto mais crítico. O Relógio do Juízo Final – aparato criado por cientistas com o intuito de advertir o mundo quanto à aproximação de uma hecatombe nuclear – indica que faltam cinco minutos para o eventual Apocalipse.

Após uma lei decretada pelo presidente norte-americano Richard Nixon, super-heróis e vigilantes mascarados se tornaram ilegais e os que não trabalham a favor do governo já não podem combater o crime por conta própria.

Esse é o cenário inicial de Watchmen, graphic novel de Alan Moore (roteiro) e Dave Gibbons (ilustração), cuja adaptação cinematográfica, dirigida por Zack Snyder (300) chega às salas de exibição de todo mundo nesta sexta-feira.

Originalmente publicada em 1986, Watchmen é considerada uma obra divisora de águas no universo dos quadrinhos (leia mais no quadro abaixo) – sua importância, para muitos, seria equivalente à de Cidadão Kane (1941) na história do cinema.

Grande parte dos méritos até hoje atribuídos à história se deve ao fato de que, pela primeira vez em uma HQ, foram levantadas questões como a fé cega depositada naqueles que se dizem guardiões do mundo e a existência de traços de maldade nas personalidades dos super-heróis – como todas as pessoas "normais", eles também sabem ser bons e maus.

Assim é Edward Blake (Jeffrey Dean Morgan), conhecido como O Comediante. Vigilante mascarado desde os 18 anos, quando passou a lutar contra o crime organizado em Nova Iorque, Blake ajudou os EUA a vencer a guerra do Vietnã e foi condecorado pelo governo.

Mas nem só de feitos heroicos é composta sua trajetória. Uma tentativa de estupro contra sua colega Sally Júpiter (Carla Gugino) e o assassinato de uma vietnamita, que esperava um filho seu, também estão no currículo do Comediante.

A trajetória tumultuada teve um fim trágico quando Blake foi misteriosamente arremessado da janela de seu apartamento, dando início à complexa trama de Watchmen.

Desconfiado de que há alguém disposto a eliminar todos os mascarados, o também vigilante Rorschach – que, após o decreto de 1977, foi um dos poucos a continuar combatendo o crime na ilegalidade – decide investigar a morte de seu colega e acaba se deparando com um plano mais diabólico do que poderia imaginar. A empreitada (é preciso manter o sigilo quanto à identidade do vilão, para não estragar a diversão de quem nunca leu a revista), ao mesmo tempo que resultaria na morte de milhões de inocentes, seria a única maneira de instaurar, em definitivo, a paz no planeta.

Os dilemas enfrentados pelos super-heróis diante de tal situação e seus questionamentos quanto à responsabilidade de quem se propõe a fazer justiça com as próprias mãos em nome da paz são os motes centrais de Watchmen – O Filme. Tratados com profundidade, sem apelar para recursos que os tornariam mais digeríveis, os temas podem afastar aqueles mal-acostumados com as fanfarronices típicas das mais recentes adaptações cinematográficas de HQs sobre super-heróis (além da duração, é claro – são duas horas e 40 minutos de projeção).

Frustração

Fãs da graphic novel também correm o risco de sair do cinema um tanto frustrados, pois o desfecho da narrativa foi modificado pelo diretor. Mas as alterações feitas por Snyder, por mais que irritem os mais fundamentalistas, não comprometem a obra.

Mais de 90% do filme é exatamente igual à história em quadrinhos, incluindo diversos diálogos na íntegra. Assim como quem leu Watchmen, quem for ao cinema pode ver seus conceitos relativos ao papel do super-herói caírem por terra, como cinzas após uma explosão nuclear. GGGG

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