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Anildo Guedes em uma das paredes que restou do antigo Cimples Ócio: nomes de sambistas revelam as características tradicionalistas da casa | Priscila Forone/ Gazeta do Povo
Anildo Guedes em uma das paredes que restou do antigo Cimples Ócio: nomes de sambistas revelam as características tradicionalistas da casa| Foto: Priscila Forone/ Gazeta do Povo

Artistas

Veja quem já passou pelo Cimples Ócio e parte da programação planejada para 2010

Histórico

Quinteto em Preto e Branco, Silvério Pontes, Zé da Velha, Noca da Portela, Casquinha, Monarco, Xangô da Mangueira, Marquinhos China, Humberto Araújo, Zé Paulo Becker, Jair do Cavaquinho, Argemiro do Patrocínio e o grupo Samba da Vela, todos representantes do samba de raiz, já tocaram no Cimples Ócio.

Próxima temporada

Para o ano que vem, estão programados seminários sobre samba, em julho, e também as apresentações de Nei Lopes e Zé Luiz do Império Serrano.

Parece cenário de guerra, mas basta andar por entre as madeiras caídas e os móveis inutilizados para avistar sobreviventes: discos de vinil, cartazes com fotos de sambistas famosos e livros sobre música denunciam que a festa irá continuar no espaço Cimples Ócio – com "c" mesmo –, atualmente em reforma. Tradicional casa do "samba de qualidade" em Curitiba, o local é um misto de bar, restaurante e ponto de encontro de amigos e já recebeu sambistas e instrumentistas como Mar­­quinhos China, Hum­­berto Araú­­jo, Zé Paulo Becker, Jair do Ca­­vaquinho, Argemiro do Pa­­trocínio e o grupo Samba da Ve­­la. Como se vê, os convidados fazem parte do lado B da música brasileira. Em sua maioria são compositores, quase sempre só lembrados quando lidos em encartes de sambistas "midiáticos", afirma Anildo Guedes, proprietário do espaço.

"Comecei uma luta para sair da mesmice que produtores e grandes gravadoras construíram. E eu nunca vou abrir mão disso. O Jorge Aragão? Eu gosto de algumas músicas dele, mas não o traria para cá. Prefiro divulgar o ‘seu’ Argemiro ou o ‘seu’ Jair, que são pessoas mais afáveis, mais sábias e que tem uma musicalidade impressionante", diz Guedes, curitibano de 50 anos. Foi ele o responsável por trazer o músico Tantinho da Mangueira, que se apresentou no Teatro da Reitoria na última quarta-feira.

A história do Cimples Ócio começa no balneário Guarapari, em Pontal do Paraná. Em 1998, quando o pagode dominava as rádios, uma casa serviu de espaço para sambistas amadores. Gogó de Ouro, músico curitibano, abriu as festividades do espaço, que funcionou até 2004. "Como sempre, só levei prejuízo", diz Guedes, sob o cartaz autografado de Paulinho da Viola. Lá em Guarapari, tocaram músicos da estirpe de Silvério Pontes, Zé da Velha, Noca da Portela, Casquinha, Monarco e Xangô da Mangueira.

O interesse pelo samba aumentou. Guedes comprava li­­vros, CDs, vinis – atualmente são mais de 500 em seu acervo – e aumentava sua relação com o Rio de Janeiro em viagens constantes. Entre um chope e outro no bar do Ama­­re­­linho, na Cinelândia, fazia visitas a lugares como o Cafofo da Surica e o Cacique de Ramos, reconhecidos por divulgar o samba tradicional. "Comecei a gostar mais daquilo e me envolvi de vez", conta Gue­­des. O Cimples Ócio, então, mu­­dou. Em 2005 abriu as portas no local onde se encontra hoje, no bairro Tingui, em Curitiba.

As festas começaram a acontecer ocasionalmente. "Não sou botequeiro, aqui não tem balcão. Eu faço quando dá na cabeça", afirma o curitibano. O último evento no espaço antes da reforma aconteceu em 29 de maio com a presença do grupo Combinado Silva Só.

E não é só samba no Cimples Ócio. A proposta, ainda que careça de organização, como afirma o próprio Guedes, é fazer com que quem vai ao espaço se sinta no Rio de Janeiro do começo do século 20. "Alio a música à culinária tradicional. Faço cozidos com milho verde, carne seca e abóbora e uma feijoada de verdade. Aqui jamais você vai ver cumbuquinhas separando a costelinha do feijão", provoca Guedes, também integrante de um grupo de pesquisa culinária regional.

O que era a cozinha do estabelecimento – um espaço pequeno, branco e retangular, cercado por artigos musicais – virou a casa de Guedes hoje. O curitibano deixou seu emprego "rentável" em São Paulo para apostar de vez em sua proposta. A reforma do Cimples Ócio é para que "deixe de morar na cozinha", mas também para que a casa sobreviva comercialmente, por meio de melhoras na infraestrutura. A fundação da obra começou na última quinta-feira e um samba no novo Cimples Ócio já está programado para o começo de março de 2010. Outra aventura de Guedes, "in­­dignado permanente porque os bons sambas não aparecem nos meios de comunicação mais fortes", é a abertura de uma filial em Caiobá, litoral do Paraná. "Levei comigo o Paulinho e a Clementina de Jesus", diz, referindo-se aos cartazes pendurados em sua "casa". O espaço foi inaugurado na última sexta-feira.

Serviço: Cimples Ócio Curitiba (R. Miguel Jorge Nasser, 206 – Tingui), (41) 3209-8802. Cimples Ócio Caiobá (R. Apucarana, 632).

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