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Beckett: uso do silêncio e pausas
Por mais que o teatro contemporâneo seja afeito à ruptura, é impossível criar algo novo sem ter bases sólidas. Firmá-las é o objetivo do Sesc Dramaturgia Leituras Em Cena, que realiza entre hoje e quarta-feira, em Curitiba, mais uma edição de oficinas de teatro com o intuito de promover o aprofundamento na obra de um autor e produzir leituras dramáticas para o público.
Os 24 participantes foram selecionados durante este mês, bem como quatro diretores, que depois liderarão os grupos de montagem. Para esta edição do curso que acontece há 13 anos , foi escolhida a dramaturgia do irlandês Samuel Beckett (1906--1989).
"Por mais que ele tenha escrito no contexto pós-Segunda Guerra, nós vivemos outro tipo de transtornos em que funcionam as metáforas dele", diz João Marcelo Pallotino, diretor da carioca Hospedaria Companhia de Teatro.
Os textos abordados na oficina serão Esperando Godot(1948) e Fim de Partida (1957). Paralelamente, os textos complementares Play, Não Eu, Rockabye e Todos Que Caem serão discutidos.
Os aspectos da obra de Samuel Beckett que Pallotino pretende usar para inspirar os alunos incluem a projeção no outro a incapacidade de se autoperceber e aspectos existenciais tratados com maestria pelo irlandês. "Para ele, a vida não tem sentido e o que fazemos é tentar preencher esse vazio", pontua o diretor.
Outra inovação de Beckett que representa um sólido ponto de referência para a dramaturgia posterior a ele é o uso do silêncio e das pausas.
Apresentações
A boa notícia é que, do curso, sairão montagens de leitura dramática em cada uma das cidades onde o trabalho será realizado (além de Curitiba, Paranaguá, Ponta Grossa e Guarapuava receberão oficinas). A apresentação deve ocorrer após cerca de dois meses.
A escolha do autor caiu bem à proposta de realização de leituras dramáticas, já que Beckett se caracteriza pela redução dos elementos cênicos, deixando muitas vezes só o ator no palco.
Para a escolha dos participantes, o Sesc procurou valorizar a diversidade de qualificações e linhas de trabalho. Após as oficinas, diretores selecionados (veja no quadro ao lado) formarão grupos com seis atores para cada montagem e apresentação do resultado.
"Cada grupo dará sua cara à montagem", promete a gerente de Cultura-Artes Cênicas do Sesc Paraná, Tatyane Ravedutti.
