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O tratamento preventivo para evitar que percamos um pedaço de nossa memória acaba de ser aprovado. Custará R$ 800 mil e será pago pela Caixa Econômica Federal, por meio da Lei Rouanet. O dinheiro, que acaba de ser liberado, será usado nos próximos meses para a reforma e o restauro do Palácio da Liberdade, na Rua Barão do Rio Branco, um dos mais importantes da história do Paraná. Importante pela própria antigüidade – já é mais do que centenário, numa terra em que quase todo prédio foi erguido ontem –, o edifício já foi palco das decisões mais importantes de nossa política. Em 1890, foi a primeira sede de nosso governo.

Não bastasse tudo isso, o prédio ainda abriga hoje o Museu da Imagem e do Som, o MIS. Quer dizer, abrigava. Desde que, por absoluto descaso de seguidas gestões do governo do estado, o prédio começou a dar mostras de que iria naufragar, o acervo teve de ser transferido para outro lugar. Atualmente, tudo está no antigo complexo Banestado, no Santa Cândida, esperando para voltar a seu habitat natural, onde poderá inclusive ser consultado com mais facilidade pelos curitibanos, no Centro da cidade.

O dinheiro da Caixa será usado apenas para aspectos mais emergenciais. Será consertado o teto, rachado e desgastado em vários pontos. Será feita uma necessária pintura, para evitar que as paredes fiquem ainda mais descascadas do que estão. Peças quebradas e trincadas serão substituídas e restauradas. A reforma elétrica e hidráulica será feita. A previsão é de que tudo fique pronto em três meses. "Mas não queremos ter pressa", afirma a diretora do museu, Maria Amélia Junginger. "O importante é que fique tudo bem feito", diz ela. A única pressa é para deixar o complexo do Santa Cândida, já que o governo precisa retirar do local as secretarias que ainda estão por lá.

O primeiro passo dado pela atual gestão para começar a virar a mesa foi a reativação de uma Sociedade de Amigos do MIS. A entidade voltou a funcionar em abril deste ano e foi importante até mesmo para driblar alguns empecilhos típicos da burocracia brasileira. Ao contrário do museu, por exemplo, a ONG pode abrir uma conta em banco da maneira que a Lei Rouanet exige. Presidida por João Urban, a sociedade é quem vai gerir a partir de agora os recursos destinados às obras.

Um dos pontos mais importantes da reforma será a criação de um espaço específico para a conservação de obras. Mais para a frente, Maria Amélia afirma que vai ser feita a digitalização do acervo, que também está sendo catalogado para garantir maior facilidade de acesso aos usuários. "Quando pensamos em memória, temos que fazer com que os objetos durem pelo menos cem anos. E temos de usar toda a tecnologia que está disponível para fazer isso", afirma.

Para o futuro, João Urban diz que o mais importante será a ampliação do espaço físico do museu. Ele conta que, em teoria, o terreno destinado ao MIS vai da Rua Barão do Rio Branco até a Travessa da Lapa. "Quando a União doou o terreno para o Paraná, era para o museu, mas hoje boa parte é ocupada irregularmente pelo Centro de Triagem da Secretaria de Estado da Segurança Pública", comenta. O presidente da sociedade diz que há negociações para que o pédio passe a ser inteiramente da área de cultura, mas não se sabe quando isso irá acontecer.

Empolgada com a reforma, a diretora afirma que o MIS vai ser um "museu do futuro". "Temos 1,5 milhão de imagens, um acervo incrível. Quem mais tem isso?", pergunta. O mais importante, porém, é que a partir de agora, o material estará bem conservado, para que as gerações futuras possam ter uma idéia de como era o estado em 1890 – e para que saibam que em 2006 nós nos preocupávamos em cuidar de nossa memória.

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