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Fotografia

Representações da memória

Trabalhos de dez artistas portugueses que abrem hoje o 2º Ciclo da Fotografia Portuguesa no Brasil discutem as modificações no registro fotográfico

A fotógrafa Francisca Veiga explora fotografias de um arquivo pessoal, que serão expostas em uma instalação formada por aquários | Francisca Veiga/Reprodução
A fotógrafa Francisca Veiga explora fotografias de um arquivo pessoal, que serão expostas em uma instalação formada por aquários (Foto: Francisca Veiga/Reprodução)
A renomada fotógrafa Inês d´Orey traz fotos da série Últimos Lugares, formada por imagens de países pelos quais passou recentemente |

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A renomada fotógrafa Inês d´Orey traz fotos da série Últimos Lugares, formada por imagens de países pelos quais passou recentemente

A segunda edição do Ciclo da Fotografia Portuguesa no Brasil, que abre hoje no Museu Municipal de Arte (Muma) – Portão Cultural, chega a Curitiba mais ampla do que a mostra de estreia, ano passado, com 10 fotógrafos contemporâneos lusitanos, e vai explorar um tema comum e ao mesmo tempo mutável: a relação da memória com a imagem.

Por isso, os 70 trabalhos escolhidos pela curadora do Ciclo, Isadora Pitella, tratam a questão de diversas formas e não abordam somente a relação da fotografia como arquivo. "A exposição evidencia a possibilidade de mutação da memória, seja ela pessoal ou coletiva, e também sobre como os artistas lidam com arquivos de terceiros. Se um fotógrafo pega uma imagem de família de uma outra pessoa e a reconstrói, a questão da veracidade vai além do registro em si", exemplifica a curadora.

Outro cuidado de Isadora foi o de reunir artistas de diversas gerações, para que o espectador tenha um panorama amplo sobre a fotografia contemporânea portuguesa. Entre os 10 nomes estão os renomados José Pedro Cortes, citado neste ano no BES Photo 2014, o prêmio de fotografia mais importante entre países falantes da língua portuguesa; Inês d’Orey, vencedora do prêmio Fnac 2007 de novo talento; e André Príncipe, cofundador e editor da publicação Pierre Von Kleist Editions, especializada em fotografia.

Completam o time os participantes: Ana Viotti, Daniel Antunes Pinheiro, Maria Leonardo Cabrita, Francisca Veiga, Diogo Simões, Miguel Godinho e Frederico Malaca. "Esse é outro lado do Ciclo que queremos sempre manter: mesclar nomes renomados com outros mais jovens. Alguns estão em processo de amadurecimento do trabalho, enquanto outros já sabem o que querem questionar por meio da mídia fotográfica. O resultado é interessante", acredita a curadora.

Além da exposição, a intenção do ciclo é gerar uma vivência da fotografia na cidade (veja as palestras programadas no quadro ao lado). "Promover um ambiente relacional é um dos nossos focos. Trazer os artistas para criar um diálogo com as pessoas é uma das essências do evento", diz Isadora.

O Ciclo realizará também uma oficina para crianças atendidas pela Fundação de Ação Social (FAS), que vão expor as produções das aulas no Muma, e visitas guiadas para grupos com a curadora, em datas após o feriado de carnaval.

Financiamento

Para ser viabilizado, o Ciclo da Fotografia Portuguesa participou de dois editais – um da Fundação Cultural de Curitiba e outro da Direção Geral das Artes (DGArtes), do Governo de Portugal. Apesar da crise econômica que atinge o país e todo o continente europeu, a curadora conta que ainda existe interesse em iniciativas que ajudem a internacionalizar a arte portuguesa, mesmo com os parcos recursos destinados para a cultura. "Fui para Portugal há três anos e muitas áreas sofreram com os cortes. Por isso, a ideia é levar o trabalho dos artistas para fora do país, com foco na América do Sul, África e Ásia, que são mercados emergentes", explica Isadora.

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