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Literatura

Retrato de um tempo artificial

Companhia das Letras publica o livro que João Paulo Cuenca escreveu a partir de sua experiência no Japão, obra que faz parte do projeto Amores Expressos

João Paulo Cuenca: projeto Amores Expressos o levou a Tóquio, de onde saiu com o romance O Único Final Feliz para uma História de Amor É um Acidente, publicado agora pela Companhia das Letras | Jorge Bispo/ Divulgação
João Paulo Cuenca: projeto Amores Expressos o levou a Tóquio, de onde saiu com o romance O Único Final Feliz para uma História de Amor É um Acidente, publicado agora pela Companhia das Letras (Foto: Jorge Bispo/ Divulgação)
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O carioca João Paulo Cuenca, que completa hoje 32 anos, vai passar os próximos dias no litoral fluminense. No domingo (8), me­­di­­­­ará uma mesa da programação oficial da 8.ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), com a presença de duas escritoras, a cubana Wendy Guerra e a chilena radicada no Brasil Carola Saavedra.

Mas, independentemente do compromisso, Cuenca pretende sorver o visual da cidade histórica e relaxar. Ele acaba de ver impresso o seu terceiro romance, O Único Final Feliz para uma História de Amor É um Acidente.

A longa narrativa, que tem na capa o selo da Companhia das Letras, é fruto do projeto Amores Expressos, que a empresa RT/Features idealizou com a finalidade de enviar autores brasileiros para diferentes cidades do mundo. De volta ao Brasil, cada escritor teria de escrever um livro ambientado onde esteve. Joca Terron foi para o Cairo; Daniel Galera, para Buenos Aires. Luiz Ruffato passou uma temporada em Lisboa.

Cuenca, por sua vez, vagou pelos subterrâneos de Tóquio durante 30 dias, entre abril e maio de 2007. Ainda em território japonês, começou a esboçar a trama. Durante três anos, es­­creveu, reescreveu, deixou o texto descansando, retomou a narrativa e só deixou de modificar o romance quando a Companhia das Letras encaminhou o arquivo para a gráfica Bartira, no mês passado.

O romance é, na definição do autor, um livro sobre o artificialismo do amor, da literatura, sobre o tempo presente, "onde tudo é um fetiche".

Cuenca diz não ter muita expectativa sobre a recepção da obra, mas não esconde que abriria um sorriso permanente no rosto se O Único Final Feliz para uma História de Amor É um Acidente viesse a ser lido e, principalmente, traduzido para o japonês. Ele também experimentaria a felicidade na Terra se o livro deslocasse o leitor do seu ponto de equilíbrio.

E, se não for pedir demais, espera que a longa narrativa viabilize ao leitor, mais que respostas, novas perguntas.

Cuenca respondeu por e-mail, sentado no quarto de seu apartamento no Rio de Janeiro, pouco mais de dez perguntas. Ele confirmou que, a exemplo de Corpo Presente e O Dia Mastroianni (seus dois outros livros), esta terceira obra também foi realizada a partir de uma encomenda.

"Considero todos os meus livros ‘sob encomenda’. Se é de um editor ou dos meus fantasmas, o processo de criação e o mergulho são os mesmos", confessa.

Ele tem exposição nos veículos de comunicação, mas não sobrevive da literatura, e sim das atividades paralelas como escrever para jornal e televisão, e ministrar oficinas. A literatura está se profissionalizando no Brasil? "Isso jamais aconteceu", responde. De toda forma, ele é escritor e não tem outra opção. Escreve continuamente. "Acho que um escritor, mesmo quando está longe de uma folha de papel durante anos, trabalha sem parar. Ou seja: trabalho todo dia, até, e principalmente, enquanto durmo", conta.

Cuenca gosta muito de Curitiba. Já esteve por aqui como atração do Paiol Literário. Depois do compromisso, saiu pela noite e foi visto em alguns bares. Conquistou fãs curitibanas. O escritor avisa que, em setembro, estará novamente na capital paranaense. E pretende empreender uma expedição noturna por "botecos" e outros espaços.

Serviço

O Único Final Feliz para uma História de Amor É um Acidente, de João Paulo Cuenca. Companhia das Letras, 146 págs., R$ 36,50.

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