Ao longo da década passada, os discos de vinil voltaram a atrair a atenção da indústria fonográfica e várias bandas de renome internacional, como o Radiohead, divulgaram álbuns tanto na internet quanto nos velhos discões pretos. In Rainbows , penúltimo trabalho dos ingleses, por exemplo, vendeu 13 mil cópias em 2007 na versão em vinil. Pensando neste mercado em expansão e em reunir adoradores dos "bolachões", o Canal da Música inicia amanhã uma programação em comemoração ao Dia Internacional do Vinil, com uma série de palestras, exposições, feira de troca e venda e discotecagem com vinis (veja quadro abaixo). O evento é promovido pela Secretaria de Estado da Cultura, em parceria com a rede E-Paraná e o Museu da Imagem e do Som (MIS).
Como parte da celebração ao vinil, durante a sexta-feira, a rádio E-Paraná FM vai tocar, a cada 30 minutos (das 7h às 19h), uma faixa de algum disco no formato clássico. Segundo o presidente da E-Paraná, Paulo Vítola, a ideia decorre do grande acervo em vinil da rádio: mais de 13 mil LPs de música clássica e MPB. "É uma discoteca que vem sendo acumulada com o passar dos anos, com uma variedade enorme", conta Vítola. "É uma mídia incomparável. A qualidade do som é perfeita, você ouve todas as nuances e os graves aparecem com muito mais evidência do que em CD ou MP3".
Outra vantagem do disco, diz o professor de eletromagnetismo da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Antonio Carlos Pinho (um dos palestrantes da programação), é a proximidade que a mídia gera entre o artista e o ouvinte. "O MP3 e o CD são uma forma pálida de conhecer o artista. Hoje o ouvinte de uma banda só consegue uma comunicação eficiente quando vai a um show". O professor acredita que as vendas de vinil só não aumentam mais por causa do preço: um lançamento pode custar cerca de R$ 80. "Os custos de produção são mais altos e hoje um disco de vinil é algo para colecionadores exigentes. É um mercado focado, que oferece até máquinas caríssimas para fazer a limpeza dos discos em casa".
Capas
Também na sexta-feira, às 19 horas, começa a exposição Eu Amo Vinil, com 150 capas de LPs e oito vitrolas antigas, acervo de colecionadores e do MIS. A mostra fica em cartaz até domingo no hall inferior do Canal da Música e traz um resumo da trajetória do vinil no mercado fonográfico brasileiro, dividido em cinco temas: "Destaques da Música Paranaense", "A Arte Gráfica de Elifas Andreato", "Psicodelia no Rock dos anos 60/70", "Trajetória da MPB" e "Trilhas de Cinema de Todos os Tempos" esta última, baseada na coleção pessoal do produtor audiovisual Tiomkim, que trabalha no MIS há mais de 20 anos.
Desde a década de 1960, por influência do pai, o maestro Oswald Siqueira Filho, Tiomkim coleciona discos de trilhas sonoras de filmes. "Sempre que alguém viajava para o exterior, eu pedia para comprar. Como vou ao cinema desde criança, adorava as músicas dos filmes, mas me encantava principalmente com as capas dos discos, que são obras de arte." Tiomkim tem mais de 500 discos de vinil somente de trilhas sonoras e vai expor desde LPs clássicos, como o do filme Psicose, de Alfred Hitchcock até o do longa-metragem Sopro no Coração, de Louis Malle, filme que ficou alguns dias em cartaz no país e foi retirado pela censura em 1971.
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Serviço:
Dia do Vinil. Canal da Música (Rua Júlio Perneta, 695 Mercês). De 12 a 14 de agosto. 6ª, às 19h. Sáb. e dom., a partir das 10h. Entrada franca.
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Interatividade:
O vinil é de fato uma mídia de qualidade superior na distribuição de música?
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