• Carregando...

Atletiba – A Comédia é feita por e para fãs de futebol. O que poderia ser um problema, por tratar de um tema praticamente abandonado pelas artes cênicas, torna-se um dos grandes méritos do espetáculo, que leva para a frente do palco um público pouco acostumado ao teatro. Todos movidos pela curiosidade de ver como é o maior clássico do estado "disputado" sem bola, traves e um árbitro no meio para atrapalhar.

Foi esse ponto de interrogação que levou quase cem pessoas ao Teatro Saltimbancos para a segunda exibição do espetáculo na mostra Fringe do Festival de Teatro de Curitiba, no último domingo à tarde, com sol e céu azul. Dia, horário e clima de Atletiba.

A atmosfera de clássico era reforçada por alguns torcedores que fizeram questão de ir à peça vestindo a camisa do clube do coração. Na rua, coxas-brancas e atleticanos dividiam pacificamente a fila de espera pela peça.

O elenco de 12 pessoas, dividido igualmente entre coxas-brancas e atleticanos de verdade, devidamente uniformizados, passa o espetáculo descarregando um arsenal de piadas sobre o rival. Gracinhas e trocadilhos capazes de arrancar reações imediatas do público, como em um clássico repleto de lances de gols das duas equipes.

A resposta instantânea também se deve ao fato de as brincadeiras serem de domínio publico. Comentários e provocações facilmente ouvidas em qualquer corredor de escola, cafezinho de repartição ou café da Boca Maldita quando o tema é o Atletiba: Qual a diferença entre o câncer e o Atlético? O câncer evolui; Telê Santana vai ser o novo técnico do Coxa. Por quê? Os dois estão mortos.

Às piadas tradicionais de botequim se juntam outras mais atuais. Como a tal mania de grandeza do Atlético, comparado até com argentino no espetáculo. Ou a administração Giovani Gionédis no Coritiba. GG, por sinal, é citado pelos dois lados. Nunca de maneira abonadora. Mas sempre de forma divertida. Possivelmente, uma válvula de escape utilizada pelo diretor Treat Serpa, um coxa-branca que não perde um jogo no Couto Pereira. A idéia original da peça, sugerida pelo ator Emílio Pitta, era abordar os três clubes da capital. Serpa preferiu a histórica rivalidade entre Atlético e Coritiba.

Outra mudança de rumo foi quanto ao final da peça. Inicialmente, as duas torcidas terminavam cantando seus mais tradicionais gritos de guerra de ofensa ao rival: a versão atleticana de "Another Brick in the Wall", do Pinky Floyd, e a resposta coxa-branca com a melodia de "Will Rock You", do Queen.

Serpa achou o encerramento belicoso demais. Preferiu substituí-lo por uma mensagem pelo fim da violência no futebol e pela convivência pacífica entre torcidas rivais. Um recado pertinente em tempos de ignorância sem limites em toda a sociedade. Um belo desfecho para um clássico que termina empatado, mas com muitos gols. GGG

Serviço: Atletiba – A Comédia. Teatro Saltimbancos (R Com. Macedo, 330), (41) 3362-2869. Hoje e amanhã, às 15 horas. Ingressos a R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada).

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]