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Cinema

Robocop brasileiro

Estreia amanhã remake do clássico de Paul Verhoeven, assinado pelo cineasta José Padilha, de Tropa de Elite 1 e 2

 | Divulgação
(Foto: Divulgação)
Padilha no set de filmagem: diretor quis trabalhar com sua própria equipe |

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Padilha no set de filmagem: diretor quis trabalhar com sua própria equipe

Joel Kinnaman e Gary Oldman contracenam em momento tenso de Robocop |

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Joel Kinnaman e Gary Oldman contracenam em momento tenso de Robocop

O cineasta carioca José Padilha, de 46 anos, encarou o desafio de realizar seu primeiro longa-metragem em Hollywood à sua maneira. Robocop, mais do que um remake, é uma releitura livre do filme de ficção científica de 1987, dirigido pelo holandês Paul Verhoeven (de O Vingador do Futuro). Parte da mesma premissa do original: contar a história de um policial, gravemente ferido, que é transformado em uma supermáquina utilizada no combate ao crime. Mas os rumos dados à trama são bastante distintos, assim como as inquietações que a motivaram.

Em entrevista concedida na última terça-feira, no Rio de Janeiro, Padilha contou que, após a repercussão internacional dos dois títulos da franquia Tropa de Elite, ele foi chamado pelos executivos do estúdio norte-americano Metro Goldwyn Mayer, em Los Angeles, para conversar sobre a possibilidade de uma parceria. "Eles me apresentaram algumas ideias, mas nada me interessou de verdade. Foi quando eu vi, na sala onde falávamos, o pôster de Robocop – O Policial do Futuro, e eu virei para eles e disse: ‘E se nós refizéssemos esse filme?’."

Pega de surpresa, a equipe da Metro pediu um tempo para analisar a proposta do brasileiro. E não demorou muito a acender o sinal verde.

"Eu queria fazer um filme político sobre um futuro no qual o uso de drones [veículos não tripulados controlados remota ou automaticamente] e de robôs substituíssem o envio de tropas militares, de seres humanos, ao front de guerra, e talvez até mesmo no controle da violência urbana dentro dos Estados Unidos. Queria falar a respeito do que significa a desumanização desse processo, como uma forma de fascismo", disse o diretor.

Como tinha em mente exatamente o filme que gostaria de realizar, e os temas a serem discutidos, Padilha confessa que não teve qualquer preocupação em agradar, ou satisfazer às expectativas, dos fãs do original. "Não podia me preocupar com isso."

Time

Com um orçamento estimado em US$ 130 milhões, o Robocop de Padilha é, sem ufanismos, um filme brasileiro em certa medida. Para realizá-lo, o diretor impôs a condição de trazer ao projeto a sua equipe criativa: o diretor de fotografia Lula Carvalho, o montador Daniel Rezende e o compositor Pedro Brofman, todos nomes integrantes do time por trás de Tropa de Elite 1 e 2.

Padilha diz que também teve total autonomia na supervisão do processo criativo do roteiro, assinado por Joshua Zetumer, a partir do original de Edward Neumeier e Michael Miner, que deram suas bênçãos após assistirem ao longa de Padilha. "Houve um momento de tensão quanto ao rumo mais político que quis dar à trama, mas acabei tendo a liberdade de realizar o filme que desejava fazer. No original, há a inserção dos comerciais de televisão, que banalizam a violência, e no meu filme eu substituí esse recurso pela presença do personagem de um âncora de programa jornalístico da extrema direita, reacionário, aos moldes do que é feito pela Fox News, que, na vida real, já parece uma paródia. Só mesmo o Samuel L. Jackson [que vive o jornalista] para lhe dar veracidade."

A estreia de Robocop na última semana no mercado norte-americano, onde rendeu US$ 31,7 milhões entre quarta-feira da semana passada e anteontem, foi considerada aquém do esperado, mas Padilha não se diz preocupado. "Competimos com uma nevasca e com filmes românticos lançados em 14 de fevereiro, Dia dos Namorados por lá. Robocop não tem esse perfil de programa para casais", gracejou.

O diretor foi mais além. Para ele, seu filme não é uma aventura de super-heróis e nem tem vilões facilmente identificáveis, o que dificulta a sua venda para um público mais jovem. Mas quem o viu está gostando, diz ele, e a média de público está se mantendo. E, em outros mercados, vai muito bem. Já fez US$ 70 milhões fora dos Estados Unidos [totalizando uma bilheteria global de US$ 100 milhões].

O jornalista viajou a convite da Sony Pictures.

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