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DVD

Rock de grande porte

Fazer parte do mainstream e sobreviver a ele sem perder a espontaneidade criativa parece ser o maior desafio das grandes bandas. Atingir vendagens absurdas e ainda assim se preocupar em ter algo a dizer, em muitos casos, são tarefas quase irreconciliáveis. Não é o caso do Green Day.

Após o megasucesso de Dookie (1994), terceiro álbum da discografia do trio norte-americano, a banda passou por um certo ostracismo, com trabalhos um tanto irregulares e que não fizeram muito sucesso comercial. A má fase culminou com o roubo das gravações do que viria a ser o sétimo álbum do grupo. Eis que, no meio de toda a turbulência, surge American Idiot – um dos álbuns mais vendidos de 2005 (até agora já são mais de 10 milhões de cópias em todo o mundo). Chamado de "conceitual" pelo trio, American Idiot retoma o princípio das óperas-rock, com composições de temas interligados. Seu personagem central, Jesus of Suburbia, passeia por canções repletas de críticas à Guerra do Iraque, à administração Bush e à globalização – temática louvável, embora um tanto suspeita para uma banda que jamais havia demonstrado qualquer tipo de preocupação política até então.

Não contentes com o barulho incessante da caixa registradora, a banda acaba de lançar um CD/DVD ao vivo da turnê de sua ópera rock, intitulado Bullet in a Bible. Dirigido por Samuel Bayer – responsável por todos os videoclipes saídos de American Idiot, o DVD conta com mais de cem minutos em que se intercalam imagens dos dois maiores shows já realizados pelo trio – ao todo, foram 130 mil pessoas, em dois dias – com entrevistas e cenas de bastidores da turnê.

Cada suporte conta com seu determinado mérito. O registro das canções ao vivo em CD, vale para aqueles que, junto com outros dez milhões de pessoas, admiram a coerência e a simplicidade pop das "politizadas" canções de American Idiot. Já o DVD é uma boa pedida para quem consegue se divertir assistindo a um grupo de rock em meio ao "profissionalismo" do mainstream. Apesar do competente diretor, o vídeo não consegue transmitir nenhuma naturalidade, mas apenas a preocupação de seus integrantes com aspectos um tanto alheios à música em si, como objetivo do álbum, estrutura do evento e número de pessoas. Em alguns momentos, as filmagens lembram o documentário Some Kind of Monster, na qual a banda Metallica se debate em meio a uma crise criativa. Esses, aliás, são os momentos que fazem o DVD valer à pena, graças a "pérolas" lançadas por seus integrantes, do gênero "Acho que atualmente o Green Day é sinônimo de boa música" ou "Esse é o maior show da história do punk rock". Autoconscientização tipicamente americana. GGG

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