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Demorou pouco mais de dez anos, mas finalmente o público brasileiro teve a oportunidade de ver ao menos uma versão do "Pulse", show do Pink Floyd consolidado no final da década passada como o equivalente à "obra de arte total" no meio rock 'n roll: Confluência de som e imagem, aquele disco duplo lançado nos anos 90 que tinha uma luz vermelha piscante. Só faltaram os lasers.

O show de Roger Waters foi isso. Uma versão nem um pouco pior, mas sem dúvida um pouco mais modesta do que seus ex-parceiros de banda no Pink Floyd registraram num dos shows mais clássicos do rock, lançado em 1994, em CD e DVD. Foram mais de 20 músicas, entre elas 11 de um dos discos mais importantes e populares da história do rock, o "Dark side of the moon", tocado integralmente , do começo ao fim, sem parar nem para respirar. Vídeos, interpretações, coros, tudo o que todo fã sonhava, mas nem tinha mais esperança de que pudesse ver.

No Morumbi, em São Paulo, onde Roger Waters fez seu segundo show no Brasil, depois de passar pela Praça da Apoteose, no Rio de Janeiro, ontem, cerca de 45 mil pessoas viram o fundador e principal letrista do Pink Floyd tocar as músicas mais importantes da história do grupo. Além do "Dark side...", várias do "The Wall" e poucas, mas não menos boas, da carreira solo dele depois de tentar acabar com o Pink Floyd.

"Perfect Sense", do disco "Amused to death", por exemplo, foi recebida tão bem pelo público quanto "Sheep", música do "Animals", do Floyd, que finalizou a primeira parte do show e na qual foi inflado o porco gigante em que era invertida uma das letras mais clássicas do grupo.

Em vez do conhecido refrão em que crianças gritam que não precisam de educação, em "Another brick in the wall", o balão tinha dizeres garrafais de que "tudo o que precisamos é educação". Do outro lado, um pedido: "Assassinos, deixem nossas crianças em paz", quando o original pede aos professores que parem de incomodar os garotos.

É difícil acusar Waters de ter copiado a fórmula de sucesso do Pink Floyd sem ele, tocando os clássicos, num show que parece nostalgia, mas é mais atual de que muitas bandas que surgiram ontem. Sem ele, que formulou os conceitos por trás dos principais discos que compõem o show, a banda nem sequer existiria. A apresentação, entretanto, soa muito parecida com a que foi gravada por seus ex-parceiros de banda, trocando apenas alguns elementos que não chegam a influir no resultado final.

Considerando que o grupo parece realmente ter sido extinto pelos componentes que herdaram o nome da banda, ver o único dos fundadores do Floyd na ativa realizando o sonho dos fãs num show intenso que terminou deixando todos "confortavelmente entorpecidos", não deixa de ser uma experiência inesquecível.

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