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Andrés Camalaro, ex-integrante da banda Los Rodríguez, acaba de lançar seu novo disco, On the Rock | Divulgação
Andrés Camalaro, ex-integrante da banda Los Rodríguez, acaba de lançar seu novo disco, On the Rock| Foto: Divulgação
  • Lisandro Aristimuño: lirismo eletrônico direto da Patagônia

O Brasil já foi o país do rock-and-roll. Mas esse passado ficou lá atrás, ainda nos anos 1980, quando Barão Vermelho, Ultraje a Rigor e Legião Urbana explodiam nas FMs brazucas. Hoje, o paraíso dos roqueiros na América Latina é a Argentina, pelo menos é o que garante o músico e publicitário brasileiro Túlio Pires Bragança. "A Argentina é forte em algo que no Brasil está cada vez mais fraco: o bom e velho rock-and-roll. Andrés Calamaro, Gustavo Cerati (ex-Sodaestereo) e os Babasónicos fazem shows para mais de 100 mil pessoas e têm suas músicas cantadas por pessoas de todas as idades e classes sociais, coisa que nenhum roqueiro brasileiro sonha em conseguir hoje", afirma.

Apesar de nomear Andrés Calamaro como "o cara" do rock argentino, Bragança cita outra banda que vem mobilizando multidões nas casas de shows portenhas, a Él Mató a un Policía Moto­rizado. "É um rock mais sujo, uma espécie de Placebo de açougueiro", compara, em referência à banda inglesa. O publicitário lembra que, apesar do ainda tímido intercâmbio musical entre os países vizinhos, Él Mató tocou algumas vezes em São Paulo e Brasília, e costuma se apresentar ao lado dos gaúchos da Super­­guidis.

O jornalista e fotógrafo Rodrigo Juste Duarte, que está acostumado a frequentar os porões mais lúgubres de Curitiba em busca de bandas de rock obscuras, aproveitou sua visita a Buenos Aires em junho de 2009 para conhecer a cena underground da cidade. "Em plena época da epidemia da gripe suína eu estava em um abafado teatro de arquitetura antiga, no meio de 1.400 pessoas, para ver um show de punk-rock com as bandas Cadena Perpétua e El Otro Yo", recorda Duarte, que jura ter escapado ileso do vírus H1N1. Para ele, as cenas subterrâneas do rock garageiro são o que há de mais interessante hoje no meio musical argentino. "Uma das subdivisões é o power rock – mescla de garage, punk e hard rock –, representado por bandas como Los Natas e Los Lotus, e cultuado em várias lojas da galeria Bond Street, no centro da capital." Já quem frequenta o Psycho Carnival de Curitiba deve estar familiarizado com Moto­­rama e Los Primitivos, grupos neo rockabilly argentinos que tocaram por aqui em edições anteriores do evento.

Pop

Nem tudo se resume a headbanger em território argentino. Nossos vizinhos também possuem um longo histórico de bandas de ska, com Los Auténticos Decadentes e Los Fabulosos Cadillacs encabeçando a lista, como lembra Duarte – o que explica o sucesso estrondoso dos Paralamas do Sucesso por lá. Já o trip hop e releituras eletrônicas do tango têm se revelado seu principal produto musical de exportação, graças ao trabalho além-mar de grupos como Bajofondo Tangoclub e Gotan Project – seu novo álbum, Tango 3.0, traz a narração de um gol de Maradona e leituras de trechos da obra de Julio Cortázar em algumas das faixas mais ufanistas.

Na onda pop, a grande surpresa é Miranda, quarteto irreverente surgido em 2001, que se autointitula um grupo "electro-pop-melodramático argentino". As batidas eletrônicas, combinadas aos vocais extravagantes de Ale Sergi, Juli Gattas e Lolo Fuentes fazem da música "Hola", incluída no álbum El Templo del Pop (2009), um hit eterno das pistas latino-americanas.

Acordes intimistas

Entrando em campo mais introspectivo, o nome do momento é Lisandro Aristimuño, cantor folk considerado revelação pela revista Rolling Stone. Natural da Patagônia argentina, Aristimuño traz muito de Björk e Sigur Rós em sua discografia, marcada por uma voz melódica e nuances eletrônicas. Destaque também para o trabalho solo de Guillermo Pesoa, ex-integrante da extinta Pequeña Orquestra Rein­ci­­dentes. Influenciado por ritmos folclóricos, jazz e o estilo performático das orquestras do leste europeu, o sexteto chegou a tocar com Nick Cave e ficou conhecido por assinar a trilha sonora do filme uruguaio Whisky (2004).

Com o grupo desfeito em 2008, Pesoa continua na ativa, incorporando em seu trabalho a mesma atmosfera minimalista, lírica e lúdica dos Reincidentes. Canções novas, como "El Muerto" e "La Mayor", já podem ser ouvidas em sua página no MySpace. Para ouvidos e corações sensíveis.

Ouça na web:

Guillermo Pesoa: www.myspace.com/guillermopesoa

Lisandro Aristimuño: www.myspace.com/lisandroaristi

Él Mató a un Policía Motorizado: www.myspace.com/elmatoaunpoliciamotorizado

Miranda: www.myspace.com/esmirandamiamor

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