Franklin visitou o Brasil pela primeira vez em 2008, através de Marianne Spiller, amiga que mantém um projeto social em Mandirituba.
Já se interessava pela cultura do país. Antes disso, morou na Colômbia por dez anos, porque é um aventureiro não só na música. “Fui fazer queijo suíço e tocar sax”, diz. Franklin era namorado de Ane Marie, e ambos cultivavam um gosto em comum: tribos indígenas. “Na Suíça, éramos um número. Lá na Colômbia, e aqui também, as pessoas ainda te chamam pelo nome”, explica o saxofonista, apaixonado pela “calmaria do campo”.
Moravam, ele e ela, em uma pequena vila do litoral do país. Tiveram uma filha chamada Mucuru, que logo depois foi batizada por uma missão de franciscanos. Água fria na testa e a menina engripou. Precisava de remédios. Mas aonde ir no meio da selva? Pai, mãe e filha febril viajaram ao vilarejo de Puerto López, onde, dizia-se, havia um médico. “O hospital era pior do que meu banheiro”, lembra Franklin. Na segunda metade dos anos 1970, as Farc já exerciam influência sobre o país de Pablo Escobar e as drogas eram um negócio lucrativo que envolvia, em grande parte, traficantes estrangeiros.
A família Dieter chegou ao médico indígena, que, ao avistar os brancos de olhos azuis, confundiu tudo. Deram uma injeção “amarela” na criança. Em cinco minutos, ela tremia e espumava. Mucuru tinha 14 meses quando morreu nos braços do pai. “Não me arrependo porque aprendi”, diz Dieter, antes de um despertador tocar às 15 horas de uma terça-feira. É hora do sax. “Sou muito regrado.”



