Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Dramaturgia

Scarlett Johansson estreia na Broadway com texto mal recebido em sua estreia há 55 anos

"O panorama visto da ponte" estreia neste domingo em Nova Iorque. Tema trata do pesadelo em que pode se transformar o sonho americano

Scarlett Johansson e Liev Schreiber em "O panorama visto da ponte" | Divulgação
Scarlett Johansson e Liev Schreiber em "O panorama visto da ponte" (Foto: Divulgação)

O dramaturgo americano Arthur Miller costumava dizer que o teatro nunca dá uma segunda chance. Dramaturgos não teriam a mesma sorte de autores de romances, por exemplo. Livros, mesmo aqueles mal-recebidos na época de seu lançamento, sempre podem ser redescobertos tempos depois. Peças de teatro, porém, quando rejeitadas por público e crítica na sua estreia, dificilmente são remontadas e, consequentemente, não têm nem a oportunidade de serem reavaliadas.

Acreditando-se na tese de Miller, "O panorama visto da ponte", que tem nova montagem estreando neste domingo (24) no Teatro Cort, em Nova Iorque, após um mês de ensaios abertos e marcando a estreia da estrela de cinema Scarlet Johansson na Broadway, jamais se tornaria o clássico que se tornou.

Na época de sua estreia, em 1955, "O panorama..." se seguiu a um grande sucesso - "A morte de um caixeiro-viajante", em 1949 - e um grande fracasso - "As feiticeiras de Salem", em 1953 - de Miller. "O panorama..." iria comprovar se ele era ou não o grande dramaturgo que seus primeiros textos anunciaram. Pela reação da crítica e do público americanos, tudo indicava que não. Quatro meses depois, a peça saiu de cartaz sem deixar saudades. Mas ela teve uma carreira diferente no exteiro. Não muito tempo depois, foi saudada como obra-prima em Londres, em Paris e... em São Paulo, onde, em 1958, uma montagem histórica do Teatro Brasileiro de Comédias trazia Leonardo Villar vivendo o drama que se abate sobre o imigrante italiano Eddie Carbone no bairro do Brooklyn, em Nova Iorque.

Não se pode dizer que esta é a segunda chance do texto de Miller na Broadway. Depois da boa repercussão no exterior, o "Panorama..." voltou mais duas vezes, em 1983 e em 1997, à programação teatral de Nova Iorque. Mas, na versão de agora, os produtores não querem riscos e, antes que alguém resolva que Miller é datado ou que este não é seu texto mais brilhante, trataram de usar a fórmula que tem garantido boa bilheteria em temporadas recentes: contratar uma estrela de cinema para o elenco.

"O panorama visto da ponte" é todo do ator que representa Eddie. Na montagem, ele é Liev Shreiber, também conhecido no cinema (a refilmagem de "A profecia" e "X-Men Origens: Wolverine"), mas com um vasto currículo na Broadway. Porém, não tem jeito. Nas 23 apresentações que antecederam a estreia de hoje, a quase totalidade dos espectadores que ocuparam todos os 1.082 lugares do Teatro Cort, na Rua 48, não escondiam que estavam lá para ver ao vivo a mais recente musa dos filmes de Woody Allen.

Como é um texto de Arthur Miller, "O panorama visto da ponte" é sobre o pesadelo em que pode se transformar o sonho americano. Como foi escrita em 1955, quando os EUA viviam sob a força da mão direita do senador McCarthy, é uma peça sobre delação. Em cena, está um casal de imigrantes italianos - Eddie, um trabalhador das docas do Brooklyn, e a dona de casa Beatrice. Os dois criam a sobrinha órfã de Beatrice, Catherine. O conflito começa quando a família recebe dois primos italianos de Beatrice, Marco e Rodolfo, que estão imigrando ilegalmente para os Estados Unidos. A atração entre Catherine e Rodolfo é imediata. É quando se revela que a atenção de Eddie por Catherine vai um pouco além de paternalismo e excesso de proteção. O ciúme fará com que Eddie tome uma atitude que marcará a tragédia de sua vida.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.