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Centro de Criatividade de Curitiba, no Parque São Lourenço, deve abrigar a Embap. As atividades realizadas atualmente no espaço continuarão normalmente, segundo a Fundação Cultural | Jonathan Campos / Gazeta do Povo
Centro de Criatividade de Curitiba, no Parque São Lourenço, deve abrigar a Embap. As atividades realizadas atualmente no espaço continuarão normalmente, segundo a Fundação Cultural| Foto: Jonathan Campos / Gazeta do Povo

Patrimônio

Antiga sede da Embap está fechada há quatro anos

Localizada em um prédio histórico cuja parte da estrutura é uma Unidade de Interesse de Preservação (UIP), a antiga sede da Escola de Música e Belas Artes do Paraná (Embap), na rua Emiliano Perneta, ganhará uma reforma. Fechada há quatro anos pelas condições precárias (teto e chão ameaçavam ceder), a intenção é que o prédio se transforme em uma espécie de centro cultural, com eventos da escola e cursos de especialização e extensão.

Parte do arquivo, uma reserva técnica para as obras de arte do acervo da Embap e o compartilhamento do prédio com a Fundação Cultural de Curitiba (FCC) são alguns usos previstos. Há um recurso de R$ 550 mil (ainda não liberado), via Universidade Estadual do Paraná (Unespar), – a Embap foi incorporada à Unespar no fim do ano passado. "Não cobre todos os custos, mas garante a reforma da parte que é UIP", diz a diretora da Embap, Maria José Justino.

A fragmentação da escola começou no prédio, que guarda boa parte da história da Embap. Antes de fechar, ele já não comportava tudo o que precisava, e salas alugadas em prédios da redondeza preenchiam a lacuna. Mas o edifício começou a ruir e foi necessária uma solução paliativa, com aluguel de diferentes espaços. "Foi muito ruim, pois viemos para três prédios alugados sem nenhuma condição", frisa Maria José.

Ideia

Existe um projeto pronto para reforma do prédio na Emiliano, realizado por arquitetos de Porto Alegre. A Embap também tem um estudo para a construção de um anexo no terreno, uma espécie de Sala Embap, nos moldes do que é hoje a Sala São Paulo, na capital paulista.

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Desde que assumiu a direção da Escola de Música e Belas Artes do Paraná (Embap), em 2012, Maria José Justino vem fazendo uma verdadeira peregrinação para conseguir que a escola, hoje dividida em três prédios no centro da cidade, em condições precárias, consiga uma sede única. Depois de muitas conversas e possibilidades, o desejo de ver uma estrutura unida parece estar próximo: a Embap deve funcionar no espaço do Centro de Criatividade de Curitiba, que pertence à prefeitura. As atividades que acontecem hoje no espaço, como cursos e ateliês na área de artes visuais, permanecerão no mesmo local.

A Embap e a Fundação Cultural de Curitiba (FCC) dizem que a intenção é unir esforços para que o local, no parque São Lourenço, se transforme em um centro de ensino e cultura – o prefeito Gustavo Fruet está de acordo com a cessão de uso do espaço. Falta, agora, o governo do estado firmar esse protocolo com o município.

A escolha do local se dá, principalmente, pelo terreno ter espaço para a construção de outro prédio, já que o atual abrigaria, de acordo com estudos preliminares feitos pelo Patrimônio Histórico e Artístico, 70% da Embap. E também pela região, que tem forte potencial cultural, com a Pedreira Paulo Leminski e o Museu Oscar Niemeyer próximos.

Inicialmente, a ideia da Embap, cujos aluguéis dos prédios (nas ruas Francisco Torres, Comendador Macedo e Benjamim Constant), com pouco espaço e sem acessibilidade, custam cerca de R$ 1 milhão por ano, era a de construir um prédio totalmente novo em algum terreno do estado. "O Flávio Arns [ex-secretário de educação], visitou a Embap e sentiu os problemas, pediu um levantamento dos prédios do estado, mas descobrimos que não tinha nenhum", explica Maria José. Depois de mais conversas, chegaram ao Centro de Criatividade. "A cidade é quem ganha. Fico imaginando um corredor cultural ali, com os grupos da Embap se apresentando no Parque São Lourenço para a população, e o surgimento de ateliês e barzinhos nas margens do Rio Belém."

Para abrigar também a Embap, o prédio precisará de adaptações. "Temos recursos para prepararmos para a acessibilidade, que faz parte de um programa que, em sete anos, quer zerar a falta de acessibilidade nos equipamentos da Fundação Cultural", explica o presidente da FCC, Marcos Cordiolli.

Segundo ele, não será cobrado nenhum aluguel do estado pelo uso do espaço, mas a prefeitura quer um plano de investimento do governo do estado. "Assim como terá o município. Não vamos ceder o centro, será uma convergência para atuarmos juntos na área de formação e difusão", salienta o presidente. Maria José ressalta ainda que a intenção é pensar em atividades conjuntas, além de ceder parte do espaço do prédio central da Embap, na Emiliano Perneta, para a FCC. A estrutura está fechada, mas há recursos para parte da reforma.

Hoje, além da convivência entre alunos e professores ser prejudicada pela sede fragmentada, a Embap perde pontos na avaliação do Ministério da Educação (MEC) por causa da infraestrutura física, e não abriga com conforto atividades como ensaios da Orquestra Sinfônica da Belas e de outros grupos. Além disso, o curso de Museologia está aprovado há dois anos pelo Conselho Estadual de Educação, mas não é aberto por falta de espaço.

Para Maria José Justino, a economia com o aluguel daria algum fôlego ao estado para investir no projeto. "Nós não estamos pensando que o estado da noite para o dia vai ter dinheiro para tudo isso. Mas acho que é possível. Hoje, com R$ 7 milhões, nós fazemos a adaptação no Centro de Criatividade", acredita. Maria José também está pedindo apoio de setores da sociedade civil e empresarial para o projeto – terá audiências na Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) e está consultando a OAB-PR sobre a possibilidade de abrir uma conta para angariar doações com a sociedade civil. "É um grande mutirão para a escola sair, e um grande momento para o governador e o prefeito acenarem para a cidade que é possível estar acima dos partidos para criar algo que interessa a todos."

Atividades mantidas

Inaugurado em 1973, na primeira gestão da prefeitura de Jaime Lerner, o Centro de Criatividade realiza cursos na área de artes visuais e abriga um ateliê de escultura. Segundo Marcos Cordiolli, todos os cursos e atividades continuarão normalmente, e não serão mudados de espaço. "No caso de uma grande obra que nos obrigue a fechar parte do edifício, vamos garantir a construção de um espaço provisório. É um compromisso que tenho com os servidores e alunos."

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