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Livros

Senado põe na Bienal seu acervo de raridades

Obras abrangem diversas áreas como história do Brasil, educação e temas relacionados à cultura

Editora do Senado fez em Naus no Brasil Colônia um inventário de embarcações brasileiras e estrangeiras que passaram pelo país | Reprodução
Editora do Senado fez em Naus no Brasil Colônia um inventário de embarcações brasileiras e estrangeiras que passaram pelo país (Foto: Reprodução)
O Tratado de Limites Brasil-Peru: obra reúne documentação oficial e contextualiza a disputa territorial entre Brasil e Peru |

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O Tratado de Limites Brasil-Peru: obra reúne documentação oficial e contextualiza a disputa territorial entre Brasil e Peru

Entre os títulos que estão à venda na Bienal do Livro de Curitiba, o campeão absoluto em tiragem é uma edição modesta da Cons­tituição brasileira, publicada pe­­la editora do Senado Federal. É vendida a preço de custo (R$ 10), assim como outros best sellers da casa: O Código de Defesa do Consu­midor, o Manual de Padronização de Textos, as Leis de Diretrizes de Base da Educação. Desde 1988, ano de sua promulgação, 20 milhões de exemplares da Constituição foram vendidos pela Editora do Senado.

Em termos de expositores, a presença da editora é a maior novidade da Bienal. Por duas razões: há 12 anos, a gráfica do Senado passou a publicar também obras raras, que estavam esquecidas pelas editoras privadas por terem pouco apelo comercial. É o caso da coleção História da Literatura Ocidental, do austríaco naturalizado brasileiro Otto Maria Carpeaux. Em quatro volumes, Carpeaux vai da literatura na Antiguidade Clássica até os autores brasileiros que eram seus contemporâneos (ele morreu em 1978). Um deles, Carlos Drum­mond de Andrade, definiu His­tória... como "livro-chave essencial: a cada página suscita um problema, desvenda um significado, abre um caminho".

A segunda razão para a presença da editora do Senado na Bie­­nal, que está acontecendo no Expo Unimed Curitiba, ser vista como uma novidade positiva é que suas publicações normalmente só podem ser adquiridas pelos paranaenses pela internet – o único outro canal de comercialização é a livraria inaugurada es­­te ano dentro do Senado, que fica aberta nos fins de semana para atender os turistas que vão conhecer o prédio. Levando em conta o preço (R$ 25) e o tamanho de cada volume (em torno de 700 páginas) da História da Literatura Ocidental, o custo com correios se torna quase tão caro quanto a obra em si.

O diretor da gráfica do Senado, Florian Madruga, conta que o conselho editorial, formado por cinco pessoas, entre elas um senador (José Sarney), funcionários da casa e convidados, é quem escolhe os títulos, a maioria já em domínio público. Em alguns ca­­sos, trata-se de documento arquivado pelo próprio Senado, como as "falas do trono", mensagens que os imperadores brasileiros enviavam para o parlamento no início do ano legislativo, assim co­­mo o presidente da República envia hoje uma mensagem para o Congresso. Elas estão sendo reunidas em um novo livro a ser lançado no próximo ano.

Há casos de obras recentes editadas por serem consideradas de interesse cultural (como as de Carpeaux) ou por registrarem a história recente do país. Neste caso, se enquadra a biografia do ex-governador do Paraná, Ney Bra­­ga, escrita pelo jornalista Van­­derlei Rebelo.

O catálogo da editora do Se­­nado exibe preciosidades salvas do esquecimento a que foram relegadas por não terem bom apelo de vendas. São, principalmente, livros sobre a história do Brasil e documentos do período imperial que retratam aspectos pouco conhecidos da vida brasileira. Algumas provocam interesse de estudiosos, como Naus no Brasil Colônia, que está sendo lançado agora, na Bienal do Livro de Curitiba (684 páginas, R$ 30). Outras, são obras historiográficas que também agradam o público leigo, como O Rio de Janeiro do Meu Tempo, de Luís Edmundo, que re­­trata a vida na antiga capital federal na virada do século 19 para o 20. Cada volume tem 680 páginas e é vendido a R$ 25.

É o caso também de O Aboli­cionismo, de Joaquim Nabuco, em que o intelectual do Segundo Im­­pério aborda as causas, o caráter jurídico e o aspecto humano da escravidão, e de O Velho Senado, que reúne três textos jornalísticos de Machado de Assis. Este ano, foi publicado um volume que reúne textos de Euclides da Cunha, inclusive Os Sertões, re­­portagens e cartas (Canudos e Ou­­tros Temas, 262 páginas, R$ 20). Por fim, há quadrinhos: As Aven­­turas de Nhô Quim e Zé Caipora - Os Primeiros Quadri­nhos Brasileiros (200 páginas, R$ 30) e o recém-lançado Memórias d’O Tico-Tico, de J. Carlos (200 páginas, R$ 30). As edições têm entre 500 e 2 mil exemplares, conforme o título.

Florian Madruga diz que a participação em feiras, como a Bienal de Curitiba, dá à editora a oportunidade de se mostrar um pouco mais e divulgar seus livros, que pouca gente sabe que existem. Em Curitiba, para surpresa dos funcionários do Se­­nado que estão fazendo o atendimento no estande, os títulos mais vendidos são os que tratam de legislação ambiental.

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