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Senise e Tony: amplos territórios

Obras de Daniel Senise: história da arte | Fotos: reprodução
Obras de Daniel Senise: história da arte (Foto: Fotos: reprodução)
Tony Camargo exibe série de pinturas com impacto fetichista |

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Tony Camargo exibe série de pinturas com impacto fetichista

Ao caminhar pela trilha labiríntica da 29.ª Bienal de São Paulo, em cartaz até 12 de dezembro, o visitante pode desembocar em uma sala vazia, construída com paredes de blocos cinzentos. O espaço arquitetônico é, na verdade, a obra "O Sol Me Ensinou Que a História Não É Tudo", do carioca Daniel Senise, formada por blocos feitos com catálogos e folhetos de exposições de arte reciclados, gesso e cola de PVC.

O público curitibano terá a oportunidade de conhecer outras obras desta série recente em uma exposição que o artista abre hoje, às 10h30, na Galeria Casa da Imagem. São seis telas de grande formato "construídas" como se fossem janelas tapadas por tijolos, que podem ser vistas como uma espécie de subversão à ideia da janela como metáfora tradicional para a tela do pintor. E que, no entanto, ao ser composta com materiais de divulgação do circuito dos museus e galerias, não deixa de pagar tributo à história da arte.

Senise, afinal de contas, é um dos mais destacados pintores da chamada Geração 80, associada a um momento relevante da produção artística contemporânea no Brasil. "Mas um pintor que não usa muito o pincel, que emprega processos de impressão que lembram a gravura", diz o galerista Marco Mello, curador da mostra e autor do livro sobre a produção recente de Senise, que será lançado no dia 11, às 19h30, na galeria, com a presença do artista.

Algumas de suas obras conhecidas pela escala monumental, os tons terrosos e a persistente evocação ao chão, surgiram acidentalmente. "Preparei as telas no chão, que era o chão impregnado do meu ateliê, e na hora em que tirei a tela, o lado que estava contra o chão parecia uma tela minha, até porque, era o material que eu retirava das minhas pinturas que estava ali", conta ao curador Agnaldo Farias, em entrevista publicada no catálogo da mostra que realizou em 2006, no Museu Oscar Niemeyer.

Agora, o artista formado em Engenharia Civil lida com a tradição da arte construtiva ao criar estruturas espaciais formadas por uma memória da arte. "O artista contemporâneo procura construir uma ação original e, ao mesmo tempo, fazer ver que ela pertence ao território da arte", explica Marco Mello.

Tony Camargo

Ele diz isso, referindo-se não apenas às obras de Senise, mas às de um artista paranaense que também abre mostra individual em sua galeria. É Tony Camargo, que exibe três séries recentes de pinturas, desenhos e fotografias associadas entre si por um mesmo "raciocínio pictórico".

"São exposições de territórios alargados. Todo o trabalho de fotografia do Tony é sempre uma pintura e todo o desenho faz referência à pintura", diz Mello. Os desenhos de cores vivas do artista, ironicamente, se assemelham mais à pintura tradicional do que suas próprias pinturas de formas geométricas sensuais. Camargo não usa nem tinta para compô-las, de um modo trabalhoso, mas que poderia ser reproduzível industrialmente: as cores são impressas em papel fotográfico, aplicadas em uma estrutura de MDF e, em seguida, trabalhadas com verniz. "Há um acabamento, nas fotos ou nas pinturas, que lhes confere um caráter de fetiche. São um objeto único e, ao mesmo tempo, formam um conjunto", diz Camargo.

As três séries se relacionam pelo mesmo modo de pensar a cor que, especialmente nas fotografias, em que Tony aparece praticando uma ação, despertam o olhar pela sua intensidade e saturação. "Penso na performance que faço para realizar a foto como tinta, como um processo para confeccionar a pintura, e não como performance em si", explica.

Nascido em Paula Freitas, pe­­queno município na divisa do Pa­­raná com Santa Catarina, Ca­­margo se mudou para Curitiba aos 18 anos para fazer a faculdade de Educação Artística, na Universidade Federal do Paraná. "Estou aqui há 12 anos e não parei mais", conta ele, que já realizou 11 exposições individuais em diferentes espaços culturais do país.

Serviço:

Daniel Senise e Tony Camargo, na Galeria Casa da Imagem (R. Dr. Faivre, 591), (41) 3362-4455. Abertura hoje, às 10h30. De segunda a sexta-feira, das 10 às 20 horas; e sábado, das 10 às 14 horas.

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