
Hoje, a partir das 10 horas, o fotógrafo Orlando Azevedo apresenta um produto cultural de dar orgulho ao Paraná e a seus habitantes. É o livro Expedição Coração do Brasil Paraná, o quarto volume de uma série de publicações que documentou as andanças do fotógrafo pelos quatro cantos do país, entre os anos 1999 a 2002.
O livro ganha importância em relação aos anteriores por razões afetivas: nele estão reunidas, em 636 páginas, mais de 700 imagens exclusivas da viagem de 20 mil quilômetros que Azevedo realizou entre 2005 e 2006 pelo Paraná, estado que adotou como seu. Em 1963, o açoriano criado em Lisboa chegou a Curitiba de passagem. Gostou e daqui nunca mais saiu.
Desde seu nascimento, havia indícios de que Orlando Azevedo teria uma profunda relação com o Brasil. Açores é uma ilha ladeada pelo Monte Brasil; ainda na infância, em Lisboa, o fotógrafo morou na Avenida Brasil. "Amo profundamente o Brasil, em toda a sua contradição", afirma.
"Este livro é mais aberto, reúne questões abrangentes. Em um país com dimensões continentais como o Brasil, tive que propor temas mais fechados", conta. De fato, a edição paranaense tem quase o mesmo volume dos outros três livros somados. "O patrimônio humano brasileiro é muito pródigo. Dentro desse contexto, o Paraná também tem uma cara muito própria, de civilidade e trabalho".
Na nova expedição, Azevedo revisitou o interior do estado, que já conhecia bem, a partir de uma perspectiva que envolve o patrimônio humano e natural. "Sou um fotógrafo humanista", diz o autor do livro, que tomou como principais fontes de referência antigos viajantes como o naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire (1779-1853) para traçar seu itinerário.
Neste livro, uma edição de luxo de dois mil exemplares, as imagens foram organizadas como uma espécie de partitura. "Proponho uma leitura musical e poética", diz Azevedo, ex-baterista e letrista do lendário conjunto A Chave, que incluía ainda Paulo Teixeira, Ivo Rodrigues e Carlos Gaertner.
Na capa de tecido preto, destaca-se o Pico do Paraná, o mais alto do estado, onde termina a expedição. De forma circular, a publicação começa e termina com essa imagem. Nada mais natural, já que, para Azevedo, as montanhas são "santuários". "Elas se aproximam do que eu chamo de mistérios. Antes de tudo, este é um projeto espiritual e filosófico".
O fotógrafo inclui uma seção curitibana, com belíssimas imagens que privilegiam cenários e fachadas à exceção de um ou outro retratado, como o "homem do botão" Hélio Leites e o Sr. Raeder, relojoeiro. Mas o que o emociona mesmo é revelar o interior do Paraná. "Me interessam menos as grandes cidades, que estão muito semelhantes. É no interior que encontramos a verdadeira identidade do estado. Ser caipira é ser moderno".
Ele conta que as fotografias, sobretudo os retratos em preto-e-branco do capítulo "Sagas", são frutos de um trabalho que demandou, principalmente, transpiração. "Não é uma pauta de fim de semana. Houve dias na viagem em que nem fotografei. Andava, conhecia as pessoas, para não ser um intruso", conta. O resultado são imagens que deixam entrever a cumplicidade entre fotógrafo e retratados.
Serviço: Lançamento do livro Expedição Coração do Brasil Paraná, de Orlando Azevedo (636 págs., R$ 250 no dia do lançamento e R$ 320). Museu Oscar Niemeyer (R. Mal. Hermes, 999), (41) 3350-4400. Hoje, das 10 às 15 horas.





