
Um show do Kiss é coisa séria. Não é apenas um show de rock’n roll. É um espetáculo para ver, ouvir, sentir na pele a cada labareda que sobe pelo palco. Foi assim o show da noite da ultima terça-feira (21). Um concerto que, tomara, tenha sido inicio de uma nova era de grandes espetáculos na Pedreira Paulo Leminski. O Kiss soube preencher com seu carisma inegável todo o espaço deste lugar especial (vi, com grande alegria, muitas pessoas celebrando o fato de estarem novamente na Pedreira para um grande show).
Palco, telões, luzes, efeitos, fogos de artificio, cenografia, coreografias, figurinos, linguagem visual. Em tudo isso, o Kiss é imbatível como empresa de entretenimento. Mas nada disso sobreviveria sem a música. Na carreira de 42 anos, o Kiss lançou álbuns muito bons e outros nem tanto, mas mesmo nestes sempre havia uma grande canção.
O repertório do show foi cirúrgico. 17 canções que contém o DNA da banda. Um hard rock ao mesmo tempo pesado e divertido; simples, mas com riffs e refrões contagiantes. Que interpretados com a grandiosidade performática da banda viram uma espécie de ópera em quadrinhos, alta tecnologia que transporta para o passado, algo impressionante de se ver. Aliás, a grande sacada sobre a maquiagem do Kiss é essa: mascarados, os caras conseguem ter 25 anos para sempre.
O show começou com a clássica Detroit Rock City e seguiu emendando um hit no outro, em um roteiro que não contemplou as baladas mais lentas. Cada canção tem sua peculiaridade cênica. Na quinta música, War Machine, o baixista Gene Simmons cuspiu fogo. Em Hell or Hallelujah, saíram fogos de artificio de Tommy Thayer.
A interação com o público era feita com palavras por Paul Stanley – que com uma pronuncia peculiar falou o nome da cidade umas 100 vezes – e por gestos, olhares e linguadas por Simmons.
Na pesada God of Thunder, o baixista é içado para a plataforma em cima do palco. (Para mim foi o melhor momento do concerto). Em Love Gun é a vez de Paul Stanley voar sobre a plateia e parar com sua guitarra na chuva, numa cena de grande beleza plástica.
Como eu disse acima, um concerto do Kiss não é brincadeira. Quem assiste a um em toda a sua dimensão, custa a crer que os caras fazem outros 200 no mesmo ano. É um espetáculo que mexe com os sentidos e também com os quatro elementos fundamentais. O fogo que não para de espocar nos fogos de artificio, que Simmons cospe de uma espada e que está na letra de várias músicas. O ar em que Paul Stanley voa e fica tomado de papel picado no final apoteótico com o hino Rock’n Roll All Nite. Tivemos a água; a chuva que acompanhou cada um dos fãs até casa. Talvez para lembrar que estávamos em casa. E a terra – no caso o chão da velha Pedreira – que ontem tremeu.














