
Com uma gestação de nove anos, finalmente chega às telas a sequência Sin City A Dama Fatal, uma tradução literal da graphic novel de Frank Miller, dirigida pelo próprio em parceria com o versátil Robert Rodriguez. O filme está em cartaz desde ontem nos cinemas.
Na prática, o que se vê na tela, tal como no longa anterior (de 2005), é uma versão quadro a quadro (agora, em 3D), do que se lê nos quadrinhos. Uma parte da crítica chegou a considerar que esta foi a razão do relativo fracasso na bilheteria norte-americana: abriu em sexto lugar, com apenas US$ 2,6 milhões (em agosto passado), algo muito baixo para os padrões de Hollywood.
Mas a explicação é inconsistente, visto o trabalho final da dupla baseado em três histórias da graphic novel A Dama Fatal: Apenas Outra Noite de Sábado e A Longa Noite Ruim, além de uma original para o filme, A Última Dança de Nancy. Pode-se opinar pelo menor amoldamento à narrativa cinematográfica, mas não pelo conteúdo, saturado de violência, sangue e castigo, como no original impresso.
Unidas pela cidade habitada por corruptos e corruptores, as histórias se mesclam e se distanciam. Aqui, vemos novamente o brutamontes Marv (o ladrão de cenas Mickey Rourke), que acorda desmemoriado em um acidente de carro. Relembrando seus passos até ali, percebe que sua aventura começou sábado à noite, quando assistiu a um grupo de estudantes queimar um morador de rua vivo, por prazer perverso, e resolveu vingar o azarado.
No mesmo bar em que Marv começou sua noitada, Dwight (Josh Brolin) recebe a visita da fatal Ava (a exuberante Eva Green), que lhe pede ajuda. Aliás, uma repetição do que se viu no primeiro Sin City, quando Dwight foi interpretado por Clive Owen. Uma troca de atores natural, já que o personagem recebe outro rosto após o desfecho.
Há também o enredo envolvendo o jogador que nunca perde, Johnny (Joseph Gordon-Levitt). Ele vence (em uma insensatez mortal) uma partida de pôquer contra o vilão-mor, Senador Rourke (Powers Boothe), de quem a stripper Nancy (Jessica Alba) pretende se vingar, quatro anos depois da morte de Hartigan (Bruce Willis) que retorna como fantasma. Mérito
Com o mesmo excelente tratamento visual, arrojo pelo qual conquistaram merecidamente um prêmio no Festival de Cannes em 2005, acertos na escolha do elenco (em especial Eva Green, desta vez), este thriller, que se autodefine como neo-noir, mostra que a prodigiosa parceria rendeu bons frutos e correspondeu às expectativas técnicas deixadas após o primeiro longa.



