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Folk

Síntese de boas referências

Com seu segundo álbum, Helplessness Blues, o sexteto Fleet Foxes prova que o retorno do folk-rock às paradas comerciais é mais do que apenas uma tendência efêmera

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(Foto: Reprodução)

"A eterna luta entre quem você é e quem gostaria de ser e como, às vezes, você é a única coisa atrapalhando esse processo". É assim , de maneira complexa, que Robin Pecknold, cantor, compositor, guitarrista e líder da banda norte-americana Fleet Foxes define, no release escrito a próprio punho para a gravadora Sub Pop, o tema que move as canções de Helplessness Blues, segundo disco do grupo de Seattle.

Lançado há menos de uma semana, o sucessor do álbum de estreia da formação – que reúne ainda os músicos Skye Skjelset (guitarra e mandolim), Christian Wargo (baixo e vocais), Casey Wescott (teclados, mandolim e vocais), Joshua Tillman (bateria) e Morgan Henderson (multi-instrumentista e arranjos) – já ameaça roubar da cantora inglesa Adele o topo no ranking britânico UK Charts. Na parada norte-americana Billboard, ocupa a 13.ª posição entre os álbuns de folk mais vendidos.

Formado em 2005, quando Pecknold e Skjelset frequentavam o mesmo colegial no subúrbio de Seattle (leia mais sobre a trajetória da banda no quadro ao lado), o Fleet Foxes, desde que lançou seu primeiro trabalho de estúdio (Fleet Foxes, de 2008), ajudou a trazer de volta o folk-rock às paradas comerciais. Hoje, três anos depois, o time do chamado "novo folk" está reforçado por outras formações do mesmo gênero que vêm ganhando destaque mundo afora, a exemplo dos ingleses Mumford & Sons, da dupla norueguesa First Aid Kit e do músico norte-americano Sam Bean, dono do projeto Iron & Wine.

Influências

Altamente influenciadas pela sonoridade de bandas como The Byrds, Beach Boys, Crosby, Stills, Nash & Young e a dupla Simon & Garfunkel, as canções do Fleet Foxes ficaram famosas por sintetizar com perfeição elementos de folk-rock, folk tradicional e pop psicodélico, com ênfase nas harmonias vocais de grupo. Tudo isso continua presente nas faixas de Helplessness Blues, que trazem ainda, um algo a mais: influências de música country. Embora discretas, elas podem ser ouvidas nas guitarras de "Grown Ocean", na faixa de abertura "Bedouin Dress" e na canção que dá título ao disco.

Outra forte e clara referência das novas canções são as atmosferas criadas pelo músico irlandês Van Morrison em seu álbum mais aclamado, Astral Weeks, de 1968. "A emoção crua dos vocais de Van Morrison e a natureza sensorial de seus arranjos foram bastante inspiradores para esse álbum", revela o vocalista, no texto em que tenta descrever Helplessness Blues. O uso de instrumentos vintage e incomuns reforça essa sensorialidade: violões de 12 cordas, dulcimer, cítara, flauta de madeira, tímpanos, sintetizadores Moog, tambura, marxophone, glockenspiel (instrumento semelhante ao xilofone), clarinete e vibrafone são apenas alguns deles, que, somados aos instrumentos típicos de uma banda de rock, compõem uma sonoridade única e inigualável.

A maturidade de Peckonld como cantor e compositor é outro aspecto que se destaca em Helplessness Blues. As canções do novo trabalho, todas escritas por ele, surgiram de uma experiência solitária. Convidado a abrir os shows da turnê da cantora americana Joanna Newsom, no ano passado, Pecknold se viu obrigado a aumentar seu repertório e compor novas canções, que se tornaram o repertório do segundo disco. "Tocar essas canções sozinho fez com que eu me concentrasse em letras claras e melodias fortes, o que, para mim, acabou representando uma grande mudança de foco como compositor", explica o músico. De fato. Para comprovar, basta uma primeira ouvida, que, com certeza, não será a única. GGGG

Serviço: Helplessness Blues, Fleet Foxes. Sub Pop. Importado. Preço médio: US$ 8. Folk-rock.

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