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Opinião

Slash lava a alma dos órfãos do Guns

Myles Kennedy e Slash no Curitiba Master Hall: dupla infernal | Marcos Mancini
Myles Kennedy e Slash no Curitiba Master Hall: dupla infernal (Foto: Marcos Mancini)

Do último dia 5 até o próximo dia 17, teremos vivido as duas semanas mais bem servidas de shows internacionais de rock em muitos anos em Curitiba: Iron Maiden no dia 5, Avenged Sevenfold no dia seguinte, Slash dois dias depois e finalmente o Motörhead, que encerra a maratona no próximo domingo no Curitiba Master Hall. Haja fôlego (e grana!)...

Mas hoje o assunto é a apresentação antológica do guitar hero Slash no mesmo Curitiba Master Hall, na última sexta-feira. As mais de três mil pessoas que estiveram lá saíram de alma lavada – principalmente aquelas que, como eu, chegaram preparadas para ouvir duas ou três músicas do Guns N’ Roses salpicadas no meio das composições do álbum solo e das duas outras bandas do guitarrista, Slash’s Snakepit e Velvet Revolver.

Foram nada menos que oito petardos do Guns nas vinte músicas apresentadas – sendo seis do destruidor álbum de estreia, Appetite for Destruction ("Nightrain", "Rocket Queen", "My Michelle", "Sweet Child O’Mine", "Mr. Brownstone" e "Paradise City"), uma do GN’R Lies ("Patience") e uma de Use Your Illusion II ("Civil War"). Completaram o set list sete composições do álbum Slash, três do Snakepit, uma do Velvet Revolver (a ótima "Slither") e uma da Alter Bridge, a banda do vocalista convidado, Myles Kennedy.

O cara, aliás, merece atenção especial. Chegou pianinho, com a gigantesca e ingrata missão de evitar que os fãs do Guns N’ Roses sentissem muita falta de Axl Rose – que detém o nome à frente de um grupo completamente desfigurado, com quem vai se apresentar no Rock in Rio, em outubro.

Pois o cantor de 41 anos deu conta do recado, e com louvor. Já na primeira prova, "Nightrain", mostrou que não devia nada ao irascível ex-companheiro de Slash. E na sequência, em "Rocket Queen", sepultou de vez qualquer desconfiança que ainda pudesse existir na plateia. Com potência e alcance vocais impressionantes – superiores aos de Axl Rose ao vivo –, Myles arrebentou. As "viúvas" do vocalista original talvez tenham achado o timbre de Myles muito "limpo" nas músicas do Guns, mas é implicância. É certo que ele foi infinitamente mais discreto que Axl (até porque o show era de Slash), e felizmente não tentou imitá-lo – aboliu inclusive o assovio em "Patience". Talvez por isso, conquistou a galera.

Slash, por sua vez – e para desespero de Axl –, continua exatamente o mesmo. Tanto física quanto tecnicamente. Não tem nem cabelos brancos, ainda que por obra de algum genérico do Grecin 2000. A única diferença em relação ao cara que corria pelos palcos em 1992, na turnê Use Your Illusion, é um abdome ligeiramente mais saliente, as tatuagens extras e a ausência (pelo menos durante o show) do inseparável Marlboro pendurado na boca. A cartola, a cabeleira, a Gibson Les Paul, a performance e os solos alucinantes continuam exatamente iguais.

O irônico é que, se o Guns N’ Roses original não tivesse se despedaçado, possivelmente nós nunca teríamos a chance de ver o seu lendário guitarrista tão de perto. Afinal, um cara que só tocava em estádios gigantescos nunca viria se apresentar no Curitiba Master Hall (com todo o respeito pela casa). Pensando bem, talvez tenhamos que agradecer ao Axl Rose...

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