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Uma trilha sonora de filme de época com indie rock, punk e eletrônica? Só Sofia Coppola mesmo para fazer isso no seu "Maria Antonieta" (veja trailer), uma versão pop da mulher que perdeu a cabeça na revolução francesa, estrelado pela Senhora Aranha, Kirsten Dunst. E com bandas dos anos 80 ou com a estética daqueles anos, um dos melhores da era pós-punk. E dos eletrônicos dos anos 90, ela pegou peças acústicas que se encaixam no conceito mais clássico de uma trilha para longas como esse. A canção "Hong Kong Garden", de Siouxsie and the Banshees, top ten hit britânico de 1978 abre a trilha com uma introdução de cordas antes de entrar uma mistura de punk com toques orientais nesta canção inspirada num restaurante chinês dos arredores de Londres.

O grupo sueco de indie rock The Radio Dept. só viu um vislumbre de luz quando foi incluído nesta trilha. Sonoridade totalmente inspirada em Joy Division/New Order na canção "Pulling out weight". "Kings of the wild frontier", de Adam and the Ants, foi uma tentativa de unir rock a uma batida tribal do Burundi descoberta por Malcolm McLaren, inventor dos Sex Pistols, que estava empresariando Adam na época. Guitarras distorcidas de fundo, Adam aos gritos na frente e a batida pontuando tudo.

O grupo texano Windsor for the Derby comparece com "The melody of a fallen tree", canção progressiva de oito minutos em cima de uma batida reta, loops e teclados.

O álbum "Disintegration" (1989) é a obra prima do Cure, a banda de Robert Smith, com climas sombrios e épicos, bem representados em "Plainsong", a faixa de abertura, que encerra o primeiro volume da triha sonora. No segundo CD, Sofia deu preferência a canções que se encaixam mais no espírito de um filme de época. Mesmo recorrendo a nomes de ponta da eletrônica, as peças são acústicas em piano ou cravo, como "Jynweythek Ylow"' e "Avril 14th" do Aphex Twin, codinome do músico inglês Richard James.

E ainda "Tommib help us" de Squarepusher, nome artístico do também inglês Tom Jenkison e a dupla francesa Air, Nicolas Godin e Jean-Benoît Dunckel, com "II secondo giorno". A eles se junta a cravista clássica americana Patricia Mabee em "Les barricades mysterious" (François Cauperin) e K.213 (Domenico Scarlatti) e a ária "Tristes Apprêts, pâles flambeaux", da ópera de Jean Philippe Rameau "Castor et Pollux". Dustin O'Hallopran, do grupo de Los Angeles Devics, contribuiu com três peças de piano de seu trabalho solo, "Opus 17", "Opus 23" e "Opus 36", adequadas a embalar os afazeres da nobreza, mas nenhuma delas capaz de arrancar alguém da cadeira para aplaudir de pé. Como a esmagadora maioria das trilhas, esta de Marie Antoinette vai do genial (Cure) ao desesperador (Bow Wow Wow), mas não o suficiente para pedirmos a cabeça de Sofia Coppola.

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