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Um dos efeitos atribuídos à popularização do consumo de música na internet e a consequente diminuição da influência das grandes gravadoras é a pulverização. Com ferramentas para escolhas mais personalizadas, o público estaria mais livre para descobrir outros nomes além dos arrasa-quarteirões do mercado fonográfico. Os artistas, por outro lado, estariam em busca da conquista de nichos situação que parece ter sido especialmente abaladora para o rock brasileiro, que há anos não emplaca hits.
O grupo carioca Suricato, no entanto, está tendo uma chance de sonhar com o jogo antigo de conquista das massas. Depois de ganhar uma exposição extraordinária ao chegar à final do programa Superstar, um reality show de bandas da Rede Globo cuja primeira edição foi exibida entre abril e julho, o grupo viu sua agenda de shows e sua plateia dar um salto.
Dona de um pop rock suave e de sonoridade folk, com referências da música alternativa e instrumentos "estranhos", o Suricato prometeu se lançar à indústria do entretenimento com uma proposta artística mais sólida.
O primeiro disco depois desta virada, Sol-Te, saiu há pouco. O novo trabalho não deixa de fora os elementos que fizeram o grupo ser incensado pela bancada do reality show como inovador enquanto aposta em canções fáceis.
"Não estamos reinventando roda nenhuma. Os elementos que o Suricato traz são elementos já velhos: blues, country, folk. Quando eu falo em trazer algo diferente, me refiro ao cenário de monocultura em que vivemos", explica Rodrigo Nogueira, vocalista, principal compositor e responsável por guitarras, violões e instrumentos como dobro e ukulelê na banda.
"É natural que o público de um artista se segmente depois. Mas queremos jogar a rede longe e descobrir o que vai acontecer a partir daí. Não quero elitizar minha música", defende.
Assim, uma referência melancólica como o disco For Emma, Forever Ago (2008), do Bon Iver, surge dourada pelo clima solar e positivo do Suricato em "Bom Começo", faixa que abre Sol-Te. Em parceria com Moska, "Pra Tudo Acontecer" traz versos tão pueris que poderia ser um jingle. Mas a despretensão é um manifesto, e não um defeito, como fica claro em "Not Yesterday", que versa sobre fazer uma canção aparentemente romântica, mas que poderia ser sobre fazer música para as massas: "Quando o dinheiro não dá e aquele trabalho não vem / Faço uma nova canção sobre o que eu sinto por você (...) A rima é pobre... mas quando o coração é nobre / Toca na TV."
