Nos EUA, o que documentarista Michael Moore realiza no cinema contra a gestão do presidente George Bush tem um paralelo na música com o grupo System of a Down. O quarteto de origem armênia Serj Tankian (voz), Daron Malakian (guitarras e voz), Shavo Odadjian (baixo) e John Dolmayan (bateria) tem direcionado seu trabalho recente para críticas à administração republicana e ao forte conservadorismo que predomina na América atualmente.
Um novo petardo contra Bush e simpatizantes chega com o álbum Hyptonize, lançado este mês no Brasil. O CD completa Mesmerize, que chegou ao mercado no primeiro semestre deste ano e estourou nas paradas com a faixa "B.Y.O.B", uma crítica ao belicismo americano.
Na parte sonora, o System of a Down continua aproximando o rock pesado (que faz desde o início da carreira) do pop, trazendo mais melodias nas canções. Hypnotize mantém o ritmo de Mesmerize, com as composições seguindo quase sempre a mesma estrutura, alternando muita porrada e momentos quase líricos, com violões o que muda é ordem de entrada: às vezes começa pesado seguindo-se a calmaria; em outras, o início é leve, preparando o terreno para o estouro da guitarra de Malakian, que aumentou sua participação como vocalista nos dois últimos registros.
As letras (a maioria escrita por Malakian) continuam com teor político forte, como em "Attack", faixa de abertura que fala de ataques a inocentes em conflitos bélicos, mas uma referência às guerras que os americanos participam ("Ataque todas as casas e vilas/ Ataque todas as escolas e hospitais). Mas em Hypnotize, o System of Down também foca em outros temas como o massacre de armênios pelos turcos ocorrido no início do século 20 (lembrado na faixa "Holy Mountais"). Porém, a música de trabalho, "Lonely Day" (que já tem clipe rodando nas emissoras musicais) foge um pouco do discurso apostando em uma composição mais simples, sobre um dia difícil na vida de alguém.
Mesmerize/Hypnotize formam um ótimo disco duplo, com o primeiro sendo um pouco superior. O engajamento nas artes pode não estar dando muito resultado nas urnas Bush foi eleito no ano passado para mais quatro anos na Casa Branca mas, no fim das contas, o que vale mesmo é que musicalmente o quarteto americano-armênio continua indo muito bem.



