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cinema

Tarantino vai à 2ª Guerra Mundial

Cineasta relê a História a seu modo e cria um pelotão de judeus americanos com a missão de matar e escalpelar nazistas – o resultado é arrasador

Christoph Waltz: achado por Tarantino | Divulgação
Christoph Waltz: achado por Tarantino (Foto: Divulgação)
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Quentin Tarantino gosta de vermelho. Todos que o conhecem sabem disso. Analise, por exemplo, o comentário de um espectador para o outro, pouco antes de começar a sessão para a imprensa de Bastardos Inglórios, que estreia hoje: "Quero ver quanto sangue esse filme tem".

Pelo brilho nos olhos, se tratava de um fã. Ele não deve ter se decepcionado porque o longa-metragem é o mais sádico da carreira de Tarantino.

Bastardos Inglórios dá nome ao pelotão de soldados judeus americanos que trabalha na Segunda Guerra Mundial sob as ordens do tenente Aldo Raine (Brad Pitt, projetando o queixo e usando um sotaque de caipira). Eles não usam fardas e têm a missão de matar e escalpelar – como se fossem índios apaches – a maior quantidade possível de nazistas.

Em uma trama paralela, Shosanna Dreyfus (Mélanie Laurent), francesa que administra um pequeno cinema de rua, cai nas graças do soldado da SS Fredrick Zoller e, muito rápido, se vê envolvida com os nazistas. Fingindo ser a favor do Terceiro Reich, ela se torna peça importante num esquema montado pelos aliados.

Hans Landa

Talvez você não conheça Christoph Waltz, mas não vai esquecê-lo depois de ver Bastardos Inglórios. O ator austríaco é um dos achados de Tarantino – conhecido pelo talento de tirar atores do limbo – e, no papel do coronel Hans Landa, o "caçador de judeus", cria um homem educado, culto e sagaz que só deixa entrever sua insanidade.

No mais, a história é um pretexto para o cineasta investir nos elementos que fizeram sua fama: os diálogos e a violência.

Antes, seus personagens discutiam "Like a Virgin", da Madonna, ou as diferenças entre o sanduíche whopper e o big mac. Agora, usam ratos como metáforas para judeus e discutem os valores do cinema alemão dos anos 30.

Antes, o diretor e roteirista alternava cenas explícitas e outras em que as barbaridades eram apenas sugeridas. A orelha cortada fora de cena em Cães de Aluguel (1992), seu filme de estreia, é emblemática nesse jogo com o público.

Agora, sua tara é outra. Não há nada que ele não seja capaz de mostrar, ainda que isso signifique fazer uma releitura absurda da História. Uma cabeça explode a porradas de um taco de beisebol, um dedo explora o buraco de bala na perna de um informante, cenas (perceba o plural) de soldados judeus americanos escalpelando alemães...

As mortes são espetaculares e os efeitos, impressionantes. A estética tosca dos filmes B – uma das inspirações de Tarantino – costuma arrancar risos por exagerar na quantidade de sangue ou usar um braço obviamente falso. Bastardos Inglórios, se fizer rir, será de estupefação. GGGG

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